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Sangue no nariz, o que pode ser?
Dra. Nicole Geovana
Dra. Nicole Geovana
Medicina de Família e Comunidade

Nariz sangrando, uma condição chamada epistaxe, pode ter como causa uma simples irritação da mucosa nasal ou um resfriado, mas pode ser sintoma de problemas mais graves, como pressão muito alta ou distúrbios da coagulação do sangue. Porém, o sangramento do nariz esporádico e eventual é bastante comum e raramente representa alguma ameaça mais séria à saúde.

O nariz contém um grande número de pequenos vasos sanguíneos que sangram com facilidade. O ar que se move pelo nariz pode secar e irritar a mucosa que reveste o seu interior. Como resultado, podem se formar crostas que sangram quando são irritadas ou retiradas. As hemorragias nasais são mais frequentes durante o inverno, quando os resfriados são mais comuns e o ar tende a ser mais seco.

Grande parte dos sangramentos no nariz têm origem na parte da frente do septo nasal e podem ser facilmente contidos. Já os sangramentos que acontecem na porção mais alta do septo podem ser mais difíceis de controlar.

Quais as possíveis causas de sangramento nasal?
  • Baixa umidade do ar; ar muito frio ou seco;
  • Traumatismos nasais provocados por objetos introduzidos no nariz;
  • Alergias, resfriados;
  • Assoar o nariz com muita força, “cutucar" o nariz, espirrar repetidamente;
  • Inalação de substâncias irritantes, cirurgias no nariz ou próximas dele;
  • Deformidades anatômicas, corpos estranhos, tumores intranasais;
  • Inflamações derivadas de infecções do trato respiratório, como sinusite e rinite;
  • Uso de medicamentos nasais ou outros medicamentos que atuam na coagulação sanguínea, como aspirina e varfarina;
  • Distúrbios da coagulação do sangue, problemas cardíacos, pressão alta;
  • Leucemia, doenças infecciosas, anemia;
  • Uso de drogas, doenças vasculares;
  • Desvio de septo, abuso de sprays nasais descongestionantes;
  • Tratamento com oxigênio através de cânulas nasais.
O que fazer em caso de sangramento nasal?

1) Sente-se e incline-se para frente, tentando encostar o queixo no peito para evitar engolir o sangue;

2) Aperte o nariz durante 5 a 15 minutos, fazendo uma pinça com o polegar e o indicador, fechando as narinas;

3) Respire pela boca; após esse tempo, pode descomprimir o nariz lentamente.

Se o nariz continuar sangrando, repita o procedimento por 10 minutos ou mais. Além disso, aplique gelo ou compressas frias sobre dorso do nariz durante 10 minutos. A maioria dos sangramentos nasais cessam com esses procedimentos. Não tampe a narina introduzindo gaze.

Não é recomendável deitar-se enquanto o nariz está sangrando. Também deve-se evitar chupar ou assoar o nariz por várias horas após o sangramento. Se o sangramento persistir, pode ser usado um descongestionante nasal em spray para selar pequenos vasos e controlar a hemorragia.

Recomenda-se procurar um serviço de urgência se:

  • O sangramento nasal durar mais de 20 minutos;
  • O sangramento nasal ocorrer após um ferimento na cabeça, pois pode ser sinal de fratura do crânio;
  • O nariz estiver “quebrado” (nesses casos, o nariz sangra, incha e apresenta deformidade).
Qual é o tratamento para sangramento nasal?

O tratamento para sangramento nasal depende da causa da hemorragia e pode incluir:

  • Controle da pressão arterial;
  • Fechamento dos vasos sanguíneos através de calor, corrente elétrica ou nitrato de prata;
  • Tamponamento nasal;
  • Tratamento da fratura do nariz;
  • Remoção de corpos estranhos;
  • Redução da dose de medicamentos anticoagulantes ou suspensão do ácido acetilsalicílico (aspirina);
  • Tratamento de doenças e distúrbios que impedem a coagulação normal do sangue.
Como evitar sangramento nasal?

As medidas que podem ser tomadas para evitar sangramentos nasais frequentes incluem:

  • Manter a casa fresca;
  • Usar umidificador de ar na casa;
  • Usar spray nasal salino para evitar que a mucosa do nariz fique seca no inverno.

Se o seu nariz sangra frequentemente, é recomendável procurar o/a médico/a clínico/a geral, médico/a de família ou médico/a otorrinolaringologista para descobrir a causa do sangramento e iniciar um tratamento.

7 causas de hemorragia menstrual, o que fazer em cada caso
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Diversas situações podem dar origem a esse sangramento, mas as mais comuns são o sangramento disfuncional, que não tem causa definida, alterações uterinas, coagulopatias, problemas hormonais, infecção, complicação na gravidez (gravidez ectópica ou aborto), e traumas.

A hemorragia menstrual se caracteriza por um sangramento vaginal abundante, que exige uma troca excessiva de absorventes por dia, interferindo na qualidade de vida da mulher naquele período, acompanhado ou não de outros sintomas.

Entenda um pouco mais sobre cada uma das 7 causas e o que fazer em cada caso.

1. Sangramento uterino disfuncional (SUD)

O sangramento uterino disfuncional, não tem causa conhecida. Na verdade é um sangramento abundante, anormal, sem alterações nos exames. Ou seja, para confirmar esse diagnóstico, é precisa descartar todas as outras causas.

Nesse caso, acredita-se que o problema seja um descontrole hormonal, mais frequentes nas extremidades de vida reprodutiva, quando os ovários estão começando a liberar seus óvulos, nas primeiras menstruações (menacme) ou próximo à menopausa.

O sangramento é controlado com o uso de anti-inflamatórios, ácido tranexâmico e anticoncepcionais orais, para as mulheres que não tem contraindicação. O ginecologista é o responsável pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento, nesses casos.

2. Alterações uterinas

As alterações encontrados dentro do útero, como pólipos, miomas, adenomiomas e os tumores, são problemas estruturais, que aumentam a produção de células e vasos sanguíneos da parede uterina, com isso resultando no maior volume de sangue durante a sua descamação.

Os pólipos e os tumores, costumam sangrar com menor intensidade, fora do período menstrual. Os miomas e adenomiomas, apresentam um sangramento mais volumoso, durante o período menstrual e quase sempre vem acompanhado por cólica menstrual.

O tratamento pode ser feito com anticoncepcionais e acompanhamento apenas, especialmente nos casos de miomas pequenos ou com poucos sintomas. Contudo, na suspeita de um tumor, pode ser indicada cirurgia, para a ressecação da lesão e estudo anatomopatológico. Em casos de câncer, o ginecologista e oncologista deverão analisar em conjunto, a necessidade de complementar o tratamento com quimioterapia, radioterapia ou imunoterapias.

3. Coagulopatias

O sangramento vaginal anormal em meninas jovens, podem ser um sintoma inicial de doenças hematológicas, como leucemia, purpura trombocitopênica idiopática (PTI) e doença de Von Willebrand (DVW). Por isso, o sangramento fora do período menstrual, sem cólicas ou corrimento, é fundamental fazer uma investigação laboratorial detalhada para essas patologias.

O exame clínico e exame de imagem, como a ultrassonografia transvaginal ou pélvica, complementam a investigação. O tratamento deve ser definido e acompanhado de acordo com esses resultados, pelo hematologista e/ou oncologista.

4. Problemas hormonais

Distúrbios hormonais, como o hipotireoidismo, adenoma de hipófise, inteferem na produção e liberação dos hormônios, ocasionando irregularidade menstrual, como maior duração, frequência e volume de sangue.

Os exames laboratoriais, com pesquisa de hormônios da tireoide (T4 e TSH), prolactina, estrogênio e progesterona, além do exame de imagem do crânio, para analisar a glândula hipofisária, confirmam esse diagnóstico.

O tratamento no caso de hipotiroidismo é a reposição do hormônio. No caso de doença na hipófise, o tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico, dependendo do tamanho e tipo da lesão. Cabe ao endocrinologista essa definição.

5. Doença inflamatória pélvica (DIP)

A doença inflamatória pélvica é uma inflamação dos órgãos femininos, geralmente causada por infecção sexualmente transmissível, como a clamídia e a gonorreia. Os sintomas são de corrimento, cólicas, ardência ao urinar e sangramento vaginal.

O diagnóstico é confirmado pelo ginecologista, durante o exame ginecológico, onde pode colher amostra da secreção para confirmar o germe e definir o antibiótico apropriado. Deve ser tratada o quanto antes, para evitar complicações como a infertilidade.

6. Gravidez ectópica, aborto

A gravidez fora da cavidade uterina, chamada gravidez ectópica, se apresenta com sangramento vaginal, dor abdominal e atraso na menstruação. Nos casos de aborto, os sintomas são parecidos, com presença de cólica intensa e coágulos no sangramento.

Ambos são situações de risco para a mulher, portanto, durante a gravidez, ou na suspeita de gravidez, a presença de sangramento abundante, com ou sem coágulos, deve ser comunicado imediatamente ao ginecologista e a mulher deverá procurar um atendimento de emergência.

7. Traumas

Os traumas são causa frequente de sangramento vaginal, ou mesmo anal, que pode ser confundido pela mulher. Geralmente são sangramentos fora do período menstrual, com dor local e de coloração vermelho vivo, associado a história de queda ou traumatismo na região.

Esses casos podem precisar de curativos, procedimentos cirúrgicos ou tratamento local, com suturas, dependendo da ferida e do volume de sangramento.

Como parar o sangramento uterino anormal?

Interromper o sangramento depende da causa do problema. Para identificar a causa e planejar o melhor tratamento para cada caso, é preciso passar por uma consulta com ginecologista, que deverá avaliar a história de início, características do sangramento, além de histórico de saúde e exames complementares.

O que é sangramento uterino anormal?

O sangramento uterino anormal é caracterizado pelos seguintes achados:

  • Volume de sangue maior que 80 ml no período
  • Período menstrual que dura mais de 7 dias
  • Necessidade de trocar o absorvente antes de 3h
  • Usar mais de 20 absorventes em um ciclo menstrual
  • Presença de coágulos, ou coágulo maior de 1 cm
  • Necessidade de se levantar a noite para trocar o absorvente

Na suspeita de um SUA, converse com ginecologista. Todo sangramento anormal deve ser investigado e pode ser tratado, melhorando a qualidade de vida da mulher, e principalmente, identificando um problema precocemente.

Conheça ainda mais sobre o tema, nos artigos abaixo:

Como distinguir sangramento de menstruação?

O que significa ter sangramento durante a relação sexual?

Referências:

  • Andrew M Kaunitz, et al.; Approach to abnormal uterine bleeding in nonpregnant reproductive-age patients. UpToDate, Dec 19, 2019.
  • Sara Kvitko de Moura, et al.; SANGRAMENTO VAGINAL ANORMAL NA EMERGÊNCIA. bvsalud.org. 2014.
  • FIGO - Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia
  • IFF - Instituto Nacional Fernandes Figueira