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Autismo leve pode piorar?
Dra. Janessa Oliveira
Dra. Janessa Oliveira
Farmacêutica-Bioquímica

Apesar dos sinais de autismo leve parecerem piorar com o avançar da idade, nem sempre é isso o que está acontecendo. Muitas vezes os sinais vão se manifestando à medida que o autista precisa de determinada capacidade e não tem. Assim, a intensidade do autismo pode variar conforme as situações, o ambiente ou oscilar com o tempo.

Por exemplo, olhando para as habilidades sociais e de comunicação: quando a criança é pequena e convive quase exclusivamente com a família, não é tão fácil perceber a falta dessas capacidades. Mas, à medida que a criança cresce e seu círculo social aumenta, fica mais evidente a dificuldade de socializar e se comunicar.

Entretanto, o contrário também pode acontecer. Quando um autista faz tratamento e é acompanhado por profissionais, os sinais de autismo podem ficar mais leves. Isso acontece porque o autista pode, por exemplo, desenvolver estratégias e obter apoio para lidar com os desafios que enfrenta para se relacionar.

O tratamento do autismo é multidisciplinar, podendo envolver psicólogos, educadores e a família.

Referência:

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos - DSM-5 [American Psychiatnc Association, tradução Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 50-9.

Sulkes SB. Transtornos do espectro autista. Manual MSD.

Para que serve a ocitocina, o hormônio do amor?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

A ocitocina também conhecida como “hormônio do amor” é produzida no cérebro por uma glândula chamada hipófise. Produzido por homens e mulheres, atua para melhorar o humor e as interações sociais, fortalece os laços afetivos entre parceiros e ajuda a reduzir a ansiedade e melhora a libido e o desempenho sexual. Este hormônio também exerce importante função no momento do parto e durante a amamentação.

Efeitos da ocitocina no organismo1. Melhora o humor

A ocitocina atua como um regulador do estado de humor das pessoas, o que possibilita expressar as emoções de forma benéfica e saudável, ajuda a reduzir o estresse e melhora a convivência entre as pessoas. Pode ser utilizada, mediante indicação de uma/a psiquiatra, no tratamento de pessoas com transtorno de ansiedade generalizada, fobia social e depressão.

2. Cria e fortalece os laços afetivos

A criação dos vínculos afetivos entre mão e filhos ou filhas, bem como a formação e fortalecimento dos laços de afeto entre companheiros é outra função desempenhada pela ocitocina. Nestes casos, a ocitocina é produzida e liberada quando há contato de pele e quando existe a formação de uma relação de confiança entre as pessoas.

Por ter como um dos efeitos possibilitar a união entre as pessoas e o desenvolvimento das ligações de carinho, a ocitocina é conhecida como hormônio do amor.

A empatia é outra sensação desencadeada pela presença de ocitocina no organismo. Além destas ações, quanto maior a concentração deste hormônio no sangue, maior é a sensação de felicidade e bem-estar.

Alguns estudos indicam que a ocitocina pode ser importante para o tratamento de autismo, depressão pós-parto e esquizofrenia.

3. Melhora a libido e o desempenho sexual

A ocitocina parece atuar também melhorando a libido e o desempenho sexual em homens e mulheres. Nos homens, atua juntamente com a testosterona e, na mulher, com a progesterona no sentido de despertar o interesse pelo contato íntimo e facilitar a lubrificação vaginal e o orgasmo.

4. Auxilia no trabalho de parto

A ocitocina auxilia no trabalho de parto por estimular as contrações uterinas de forma ritmada. Como medicamento, é usada para induzir o trabalho de parto, especialmente quando este não aconteceu no tempo previsto ou quando está ocorrendo de forma muito demorada.

A indicação do uso de ocitocina para a indução do trabalho de parto exige uma avaliação clínica cautelosa pelo/a obstetra. O uso indiscriminado e sem prescrição adequada pode levar ao parto prematuro ou aborto.

5. Ajuda na amamentação

Ao sugar o seio da mãe durante a amamentação, o bebê estimula a produção de ocitocina pelo organismo da mãe. Deste modo, a ocitocina ajuda no processo de amamentação e favorece a criação de vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

A ocitocina pode ser encontrada em farmácias?

Sim. A ocitocina pode ser encontrada de forma sintética, em farmácias e para uso como medicamentos. Entretanto sua utilização somente deve ser efetuada mediante prescrição médica.

Como aumentar a ocitocina no organismo

Atitudes simples são capazes de aumentar naturalmente a produção de ocitocina pelo seu corpo:

  • Praticar atividade física;
  • Estar com as pessoas que você gosta;
  • Estabelecer contato físico por meio de carinho, abraços massagem;
  • Efetuar o contato íntimo com seu parceiro ou parceira;
  • Praticar a generosidade e as boas ações;
  • Amamentar.

Quanto mais relaxado/a e livre de tensões você estiver, mais ocitocina o seu corpo produzirá sem precisar de remédios. Isto ampliará a sensação de bem-estar no seu cotidiano.

O que é Hermafroditismo?
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O hermafroditismo é uma alteração genética, aonde as pessoas apresentam um desenvolvimento diferente na formação das estruturas genitais internas e externas durante a formação do bebê, que não corresponde a um único gênero quando nasce. Ou seja, a pessoa pode apresentar ao mesmo tempo genitais masculinos e femininos, desde o nascimento.

No ano de 2005 houve um consenso entre os pesquisadores da área, aonde foram propostas mudanças no nome e classificação das alterações. Desde então, o hermafroditismo e alterações semelhantes, passaram a ser denominadas Desordens do desenvolvimento sexual (DDS).

A classificação é bastante extensa, mas sobre o hermafroditismo, está dividida em três grupos básicos: pseudo-hermafroditismo masculino (genitália ambígua com testículos); pseudo-hermafroditismo feminino (genitália ambígua com ovários) e hermafroditismo verdadeiro (testículo e ovário com ou sem genitália ambígua)

Nova nomenclatura para o HermafroditismoDSD ovotesticular (antigo Hermafroditismo verdadeiro)

No hermafroditismo verdadeiro, a pessoa tem ovários, testículos e órgãos genitais masculinos e femininos. Na maioria dos casos, o hermafrodita verdadeiro tem cromossomos XX, portanto deveria ter apenas genitais femininos, já que as mulheres possuem um par de cromossomos X em cada célula.

O hermafroditismo nesse caso ocorre pelo desenvolvimento dos testículos, o que não deveria acontecer. Isso acontece devido a modificações de genes que ainda não são conhecidos, que agem sobre o gene SRY do cromossomo Y, estimulando o desenvolvimento dos órgãos masculinos.

Digenesia gonadal XY (Pseudo-hermafroditismo masculino)

No pseudo-hermafroditismo masculino, o pseudo-hermafrodita geneticamente é homem, ou seja, possui um par de cromossomos XY. Porém, o pênis não é completamente desenvolvido. A anomalia ocorre devido a falhas durante o desenvolvimento embrionário.

Digenesia gonadal XX (Pseudo-hermafroditismo feminino)

Já no pseudo-hermafroditismo feminino, seu cariótipo XX designa uma mulher, portanto a pessoa possui todos os órgãos reprodutores femininos. Contudo, numa fase do período de desenvolvimento intrauterino, o seu órgão genital passa por um processo de masculinização, com um crescimento excessivo do clitóris, resultando em uma genitália com aspecto de um pênis.

Quais são os sinais e sintomas das desordens do desenvolvimento sexual?

Depende da desordem e idade em que se apresenta.

Por exemplo, nos casos de pessoas que nascem com genitália ambígua, já é possível identificar a alteração desde o nascimento.

Outros casos, por apresentar genitália normal mas órgãos internos do sexo oposto, desenvolverá sinais de atraso na puberdade, características ou identificação corporal e emocional diferente do esperado, só na fase de infância e pré-adolescência.

Existem casos ainda de diagnóstico apenas na idade adulta, quando a mulher está em investigação e tratamento para infertilidade.

Portanto a clínica dependerá do tipo de desordem que a pessoa apresente.

Qual a causa das desordens de desenvolvimento sexual?

Na maioria das vezes, tem causas genéticas, mas existem também causas que não são genéticas. Por exemplo, se uma mulher estiver grávida e tomar certos hormônios, pode haver interferência no desenvolvimento dos genitais femininos, que podem ficar masculinizados.

Qual o tratamento?

Não existe um tratamento definido. Na verdade, o mais importante é o esclarecimento e discussão multidisciplinar e individualizada para cada caso. Com o intuito sempre de promover o desenvolvimento saudável da pessoa e seus familiares.

Nos casos de doença genética existe uma discussão quanto ao melhor tratamento, e se for causada por déficit hormonal, deverá ser feito reposição hormonal adequada.

Aconselhamento genético

Pessoas que já têm um filho com alguma desordem do desenvolvimento sexual, devem receber aconselhamento genético, caso pretendam ter mais filhos, já que o risco de caso semelhante é de aproximadamente 25%.

O especialista responsável pelo diagnóstico e acompanhamento de cada caso é o/a médico/a geneticista.

Uso da ocitocina sintética durante o trabalho de parto (vantagens e riscos)
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

A ocitocina sintética é bastante utilizada em obstetrícia para induzir o trabalho de parto. Pode ser benéfico para as mulheres que possuem doenças graves e por isso necessitem do fim da gravidez, para casos em que o parto excedeu o tempo previsto ou mesmo quando está ocorrendo de forma muito demorada.

Nestes casos, as mulheres que fazem uso da ocitocina sintética podem passar pelo trabalho de parto de forma muito semelhante às mulheres que entram em trabalho de parto espontaneamente.

Entretanto, o uso indiscriminado da ocitocina sintética para este fim pode ser arriscado. Ao mesmo tempo em que pode auxiliar em partos mais complicados, pode provocar distúrbios em partos que ocorreriam normalmente apenas pela ação da ocitocina produzida pelo corpo da mulher. O uso indiscriminado da ocitocina sintética para acelerar o trabalho de parto pode causar:

  • Aumento das complicações pós-cirúrgicas;
  • Aumento das complicações durante o parto: aumento do risco de alterações na frequência cardíaca e oxigenação do bebê;
  • Redução da sensação de prazer que as mulheres sentem após o parto uma vez que elas não produziram endorfina, adrenalina e outros hormônios que são produzidos juntos com a ocitocina para causar esta sensação;
  • Lentidão na capacidade da mulher de vencer o cansaço e o sono nos momentos iniciais de cuidados com o recém-nascido, pois esta habilidade sofre influência da ocitocina que ela mesma produziria para o seu trabalho de parto;
  • Dificuldades no processo de amamentação;
  • Aumento dos índices de depressão pós-parto.

A ocitocina é um hormônio importante tanto para a reprodução humana como para mediar as relações sociais no que se refere à criação e formação das ligações afetivas e produção das sensações de bem-estar e de felicidade. Nós todos somo capazes de produzi-la sem recorrer ao hormônio sintético.

Não utilize ocitocina artificial sem orientação médica.