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Dor de cabeça pode ser sintoma de AVC?
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Sim, dor de cabeça pode ser sintoma de AVC. A dor de cabeça no caso de AVC isquêmico, costuma acontecer por causa de aumento da pressão arterial, uma dor com caráter de "aperto" na cabeça, constante. No caso de hemorragia cerebral ou AVC hemorrágico, a dor de cabeça já tem um caráter mais intenso, de início súbito, associado a náuseas, vômitos, rigidez de nuca, confusão mental e perda da consciência ou coma. Se a pessoa estiver dormindo, a dor é forte o bastante para acordá-la.

Além da dor de cabeça, os sinais e sintomas de um AVC podem incluir:

  • Dormência, formigamento ou fraqueza muscular no rosto, braço ou perna, geralmente em apenas um lado do corpo;
  • Dificuldade para falar ou compreender o que as pessoas dizem;
  • Diminuição da visão, visão dupla ou cegueira total;
  • Dificuldade para caminhar, engolir, ler ou escrever;
  • Confusão mental;
  • Tontura, vertigem, perda de equilíbrio ou coordenação motora;
  • Rigidez de nuca (no AVC hemorrágico);
  • Sonolência, perda de consciência e coma.

Na dúvida se a dor de cabeça é ou não um AVC, siga esses 3 passos:

1) Peça à pessoa para sorrir e verifique se um lado do rosto está paralisado;

2) Peça à pessoa para levantar os dois braços e verifique se um dos braços cai ou está mais fraco;

3) Peça à pessoa para repetir uma frase simples e verifique se ela arrasta as palavras e se a frase foi repetida corretamente.

Veja também: Suspeita de AVC: o que fazer?

Os sintomas do derrame cerebral geralmente têm início súbito e variam conforme a parte do cérebro que foi afetada, o tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico) e a gravidade do derrame.

O AVC pode causar graves danos ao cérebro, incapacidade permanente e morte. Por isso na dúvida, sempre procure imediatamente um atendimento de urgência, "tempo é cérebro".

O que é AVC e quais são as causas?

AVC é a sigla para acidente vascular cerebral. Um AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma determinada parte do cérebro é interrompido (AVC isquêmico) ou quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe, causando uma hemorragia (AVC hemorrágico).

Portanto, apesar do acidente vascular cerebral ser popularmente chamado de “derrame”, o extravasamento de sangue só ocorre no AVC hemorrágico. A dor de cabeça costuma estar presente principalmente nesse tipo de AVC, devido a irritação causada pelo extravasamento do sangue no tecido cerebral.

Veja também: O que pode causar um AVC?

Outra condição semelhante a um acidente vascular cerebral é o ataque isquêmico transitório (AIT). Ocorre quando o suprimento de sangue para o cérebro é interrompido por um período curto de tempo. O AIT não causa danos permanentes às células cerebrais, porque o fluxo é restabelecido antes que as células sofram, mas é um fator de risco importante para o AVC. Sabemos que quem apresenta um episódio de AIT tem uma doença obstrutiva crônica, por isso a qualquer momento pode sofrer um derrame.

Quais são os tipos de AVC?AVC isquêmico

O AVC isquêmico é causado por um coágulo de sangue ou placa de gordura que bloqueia uma artéria no cérebro. É o tipo de AVC mais comum, representando cerca de 80% dos casos. Um AVC isquêmico também pode causar sangramento e se tornar um derrame hemorrágico.

Saiba mais em: O que é AVC isquêmico e quais são os sintomas?

AVC hemorrágico

O AVC hemorrágico ocorre devido à ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, gerando sangramento no cérebro.

Leia também: O que é AVC hemorrágico e quais são os sintomas?

Quem corre o risco de sofrer um AVC?

Alguns fatores aumentam os riscos da pessoa sofrer um AVC, tais como:

  • Hipertensão arterial (pressão alta);
  • Diabetes;
  • Doenças cardíacas;
  • Colesterol alto;
  • Tabagismo (fumar danifica os vasos sanguíneos e aumenta a pressão arterial);
  • História familiar ou pessoal de AVC ou ataque isquêmico transitório;
  • Idade (o risco de derrame aumenta à medida que a pessoa envelhece, principalmente a partir dos 55 anos);
  • Obesidade;
  • Sedentarismo (falta de atividade física regular);
  • Consumo de bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas;
  • Uso de pílula anticoncepcional (sobretudo mulheres que fumam e têm mais de 35 anos);
  • Má circulação nas pernas;
  • Gravidez;
  • Terapia de reposição hormonal (mulheres).
Como é a recuperação após um AVC?

A recuperação depende do tipo de acidente vascular cerebral, extensão e localização da lesão, além do tempo que levou para iniciar o tratamento.

Os pacientes que sofreram um AVC isquêmico têm melhor evolução, quando tratado rapidamente, do que casos de AVC hemorrágico. Ainda assim, nos dois casos, quanto antes for iniciado o tratamento medicamentoso e de reabilitação, com fisioterapia e fonoaudiologia, nos casos de sequelas de fala, mais breve será sua recuperação e maiores as chances de recuperação completa.

Um AVC é uma emergência médica! Em caso de sintomas de AVC, procure atendimento médico imediatamente. O tratamento precoce, mais do que reduzir as chances de sequelas, salva muitas vidas.

Também podem lhe interessar: AVC tem cura? Qual o tratamento e possíveis sequelas?

Como diferenciar enxaqueca e outras cefaleias (tensional, em salvas, secundárias)
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

A enxaqueca pode em muitos casos ser diferenciada dos outros tipos de cefaleias através da avaliação das suas características.

A enxaqueca é caracterizada por ser uma dor de cabeça que, na maioria das vezes, atinge um único lado da cabeça, diferentemente das outras formas de cefaleia que atingem a cabeça toda.

A enxaqueca causa uma dor de aspecto pulsátil e pode ainda ocasionar sintomas neurológicos, chamados de aura, que são sintomas específicos de uma forma de enxaqueca chamada enxaqueca com aura.

Como identificar a enxaqueca

A enxaqueca é uma dor que se localiza geralmente em um único lado da cabeça (unilateral), é uma dor pulsátil e latejante, isto é, aumenta e diminui em intensidade, como se estivesse pulsando.

Em cerca de 30% dos casos pode também atingir a cabeça toda, mas é mais comum ser unilateral.

Pode durar algumas horas ou mesmo dias. Apresenta também outros sintomas como náuseas, vômitos, além disso, piora com a luz, com ruídos e odores fortes.

Pode apresentar sintomas neurológicos, como alterações visuais, déficits na fala ou no movimento da face, ou dos membros. Esses sintomas neurológicos são chamados de aura, portanto, existe a enxaqueca com aura e a enxaqueca sem aura.

Qual o tratamento da enxaqueca?

O tratamento da enxaqueca também inclui medidas não medicamentosas, como:

  • Evitar agentes que desencadeiem as crises como (leite, vinho, chocolate, entre outros);
  • Evitar o consumo abusivo de álcool;
  • Evitar o tabagismo;
  • Realizar medidas de controle do estresse;
  • Manter padrão adequado de sono.

O tratamento medicamentoso inclui analgésicos e anti-inflamatórios para as crises. Para dores de forte intensidade podem ser usados triptanos.

A profilaxia de crises é comumente feita com betabloqueadores (propranolol) e antidepressivos (amitriptilina e venlafaxina).

Leia mais em: enxaqueca: causas, sintomas e tratamentos

Como identificar a cefaleia tensional

A cefaleia tensional corresponde a uma forma de dor de cabeça que atinge ambos lados da cabeça, por isso, é chamada de bilateral.

Uma forma de cefaleia tensional também muito frequente é aquela que atinge a região da nuca, atrás da cabeça, levando também a dor na região posterior do pescoço.

A dor da cefaleia tensional geralmente é em peso, parece haver algo a fazer pressão ou a pesar na cabeça.

Pode levar a dores e contraturas musculares também no pescoço e nos ombros. É uma dor muito relacionada ao estresse, que pode ser um dos seus principais desencadeadores.

Outros sintomas que podem estar presentes acompanhando o quadro de cefaleia tensional são a intolerância a ruídos, náuseas, vômitos.

Qual o tratamento da cefaleia tensional?

O tratamento da cefaleia tensional inclui medidas não farmacológicas, como:

  • Praticar medidas de controle do estresse e ansiedade (psicoterapia, meditação, etc);
  • Agulhamento para desativação de pontos gatilhos;
  • Acupuntura;
  • Alongamentos e fisioterapia;
  • Manter padrão adequado de sono;
  • Ter uma dieta saudável;
  • Manter-se bem hidratado.

No que se refere ao tratamento medicamentoso, podem ser usados nas crises analgésicos comuns, anti-inflamatórios e pode estar indicado relaxante muscular, em algumas situações.

Quando há recorrência de crises o tratamento profilático é feito com amitriptilina.

Leia mais em: O que é cefaleia tensional e quais os sintomas?

Como identificar a cefaleia em salvas

É uma cefaleia de forte intensidade, também unilateral, mas mais localizada na região atrás dos olhos, na testa e nas têmporas.

Ocorre frequentemente de madrugada e em episódios curtos de no máximo 30 minutos, mas que podem acontecer repetidamente.

Apresenta também sintomas de lacrimejamento e vermelhidão nos olhos, queda das pálpebras e alterações na pupila.

Qual o tratamento da cefaleia em salvas?

O tratamento da crise de cefaleia em salvas é feito com administração de oxigênio por máscara e uso de medicamentos triptanos, geralmente por via injetável.

Para evitar a recorrência de crises, corticoesteroides podem ser prescritos.

O que são cefaleias secundárias?

As cefaleias secundárias são dores de cabeça decorrentes de outras doenças, tanto doenças sistêmicas, quanto doenças localizadas no sistema nervoso central. Algumas causas de cefaleias secundárias são:

  • Rinossinusite: podem causar dor de cabeça na região frontal da cabeça, em peso;
  • Distúrbios visuais: causa dor na região dos olhos e testa, além de sensação de cansaço visual;
  • Disfunção da articulação temporomandibular: pode levar a uma dor na região da ATM, próximo à mandíbula e no lado da cabeça correspondente;
  • Meningite: causa cefaleia, que vem acompanhada de rigidez de nuca e vômito;
  • Traumatismo: pode causar dor intensa no local do trauma e presença de outros sintomas, como convulsão, alteração do nível de consciência, etc.

O tratamento das cefaleias secundárias devem incidir sobre a causa da cefaleia, portanto, trata-se a doença que está a desencadear a dor de cabeça.

Caso apresente dores de cabeça persistentemente consulte um médico de família, clínico geral ou neurologista para uma avaliação.

Cefaleia de tensão: como tratar a pressão na cabeça?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

O tratamento da cefaleia de tensão ou cefaleia tensional pode ser feito com uso de analgésicos, massagens, técnicas de relaxamento e gestão do estresse.

A cefaleia de tensão é um tipo de dor de cabeça semelhante à sensação de pressão na cabeça ou de uma fita apertada em torno da cabeça. Na maior parte das vezes, é provocada por contrações musculares e/ou dor no pescoço e nos maxilares.

O que posso fazer quando estou tendo uma cefaleia tensional?

Se você está apresentando cefaleia de tensão, o tratamento inclui a utilização de medicamentos para dor, algumas técnicas de massagem e relaxamento e, às vezes, acompanhamento psicológico. Entretanto, é importante que você busque avaliação de um médico de família, clínico geral ou neurologista

1. Uso de medicamentos

Medicamentos analgésicos como o paracetamol podem ajudar a aliviar as cefaleias tensionais. Entretanto, é preciso ter em mente que o uso indiscriminado destes medicamentos repetidas vezes pode piorar as crises.

Por este motivo, procure um médico de família, clínico geral para que o seu caso seja avaliado e seja instituído o melhor tratamento.

2. Alongamento e massagem

Alongar a musculatura das costas, ombros e pescoço ajuda a relaxar a musculatura desta região e pode auxiliar a reduzir as dores causadas pela cefaleia de tensão.

Tomar um banho quente antes de efetuar alongamentos e massagens ajuda a soltar a musculatura e a tensão acumulada nos ombros e pescoço, além de facilitar a realização dos exercícios de alongamento.

3. Terapias psicológicas

É muito comum que as cefaleias tensionais sejam provocadas por estresse e preocupações excessivas. Um acompanhamento psicológico pode ajudar você a lidar com as situações estressantes e com as preocupações, o que acabará por minimizar os episódios de cefaleia tensional.

Primeiros sintomas de cefaleia de tensão

A cefaleia de tensão geralmente se inicia com dor leve ou em pressão na região da frente cabeça, ou em torno dos olhos que vai se espalhando por toda a cabeça. Deste modo, os sintomas mais comuns incluem:

  • Dor, sensação de pressão ou de peso na região frontal, nas laterais e no topo da cabeça
  • Dor que piora conforme o dia vai passando
  • Dores musculares, especialmente, nas regiões do pescoço, ombros e maxilares
  • Dificuldade de concentração
  • Sensação de cansaço
  • Dificuldade de adormecer e manter o sono
  • Irritabilidade

As cefaleias de tensão podem ser episódicas ou crônicas.

Cefaleias episódicas

As cefaleias de tensão são consideradas episódicas quando ocorrem menos de 15 dias por mês. A dor pode durar de 30 minutos a vários dias e se iniciam várias horas após a pessoa despertar e vai se agravando na medida em que o dia passa. Raramente a pessoa desperta do sono por causa da dor.

Cefaleias crônicas

As cefaleias tensionais crônicas ocorrem durante 15 dias ou mais ao mês. A dor de cabeça está quase sempre presente e sua intensidade varia ao longo do dia. Assim, há momentos do dia em que a dor está mais leve e momentos que se torna mais forte.

Como evitar que a cefaleia de tensão aconteça?

Alguns hábitos simples podem ajudar na prevenção da cefaleia tensional:

1. Pratique atividade física

A prática de atividade física ajuda a combater o estresse e a reduzir o acúmulo de tensão muscular na região dos ombros e do pescoço.

2. Adote uma alimentação saudável

Priorize alimentos leves como frutas, verduras, cereais integrais e carnes magras na sua alimentação. Evite bebidas com cafeína (refrigerantes e café), chocolate e alimentos com açúcar branco. Estes alimentos podem agravar a dor de cabeça.

3. Mantenha a regularidade do sono

Busque manter seu sono regular. Tente dormir o mais ou menos no mesmo horário todos os dias e prepare o seu quarto deixando-o escuro e silencioso. A privação de sono pode aumentar a intensidade e a frequência das dores de cabeça.

4. Evite o consumo de álcool e o tabagismo

A ingestão de álcool e o hábito de fumar podem piorar as dores de cabeça e por este motivo devem ser evitados.

Existe diferença entre cefaleia tensional e enxaqueca?

Sim. As cefaleias de tensão geralmente são de intensidade leve a moderada e não são acompanhadas de vômitos e náuseas. Além disso, a dor de cabeça tensional não piora com a realização de atividade física ou exposição à luz, sons e cheiros.

Ao contrário, as enxaquecas são caracterizadas por dores de cabeça de intensidade moderada a intensa, são acompanhadas por náuseas, vômitos e fotofobia (sensibilidade à luz). Atividade física, sons e cheiros podem agravar a dor.

Vejam também:

Referências bibliográficas:

Tension-type headache in adults: Pathophysiology, clinical features, and diagnosis. Uptodate. 2021