Perguntar
Fechar

Estou com uma Dor no Peito, o que pode estar causando isso?

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Nem sempre a dor no peito é associada à angina ou infarto do coração. A dor pode estar relacionada com problemas respiratórios, problemas gástricos, excesso de gases, crises de ansiedade, dor muscular, entre outros.

É importante observar o momento em que a dor começa, o que a desencadeia, qual o seu tipo (aperto, pontadas, queimação) e se vem acompanhada de mais sintomas, como tosse, febre ou náuseas.

1. Problema respiratório

Bronquite, asma ou infecções pulmonares são causas frequentes de dor no peito. Os pulmões se localizam no tórax e parte dele aloja-se por trás do coração. Por este motivo a dor pode ser confundida com uma dor cardíaca.

A dor no tórax pode se manifestar do lado direito ou esquerdo do peito e piora com a respiração profunda. Os sintomas associados são de falta de ar, chiado no peito, febre e tosse.

Um pneumologista deve ser consultado para a identificação do problema e para iniciar tratamento adequado.

2. Excesso de gases

É a causa mais comum de dor na região do tórax. Não está diretamente relacionada com problemas no coração ou órgãos localizados nessa região, mas as pessoas que têm prisão de ventre costumam apresentar esta dor com certa frequência.

Os gases acumulados nos intestinos, ao pressionar e empurrar os órgãos abdominais, provocam uma dor que irradia para o peito. A dor se caracteriza por pontadas agudas que desaparecem, mas retornam repentinamente.

Para amenizar o sintoma, pode ser feito massagem na região abdominal, que auxilia a empurrar os gases até o final do intestino e/ou adotar uma posição que facilite na sua eliminação, como deitar de bruços. Medicamentos como Luftal® também ajudam na melhora mais rápida da dor.

Saiba mais: exercício para eliminar gases

3. Úlceras no estômago

A dor provocada pelas úlceras, ou feridas no estômago, ocorrem pela inflamação das paredes. A dor pode ser facilmente confundida com a dor no coração, uma vez que os dois órgãos ficam em regiões muito próximas no interior do tórax.

A queixa é de queimação ou aperto no meio do peito, com irradiação para o lado direito ou esquerdo, de acordo com a localização da úlcera. É comum que comece logo após as refeições e venha acompanhada de náuseas, vômitos e estômago cheio.

Uma consulta ao gastroenterologista é importante para verificar a necessidade do uso de medicamentos protetores gástricos e evitar complicações, como perfuração e hemorragias.

4. Refluxo gastroesofágico

O refluxo é o retorno de parte do conteúdo gástrico para o esôfago. A dor ocorre no meio do peito e é acompanhada de queimação e dor de estômago. Há Também relatos de "bolo" ou aperto na garganta, devido aos espasmos esofágicos.

O principal tratamento é reduzir a quantidade das refeições e comer mais vezes durante o dia. Mudança de hábitos de vida, reduzir o peso e medicamentos antiácidos, ajudam no tratamento.

Ingerir chá de camomila ou gengibre também são medidas benéficas, pois melhoram a digestão e reduzem a acidez do estômago, contribuindo para a cicatrização e redução da inflamação na parede do esôfago.

Ao passar a crise, mantenha uma dieta leve e saudável sem alimentos gordurosos, ácidos ou picantes e procure uma consulta médica com gastroenterologista, para orientações específicas.

5. Ansiedade e estresse

A ansiedade e o excesso de estresse aumentam a tensão muscular nas costelas e a frequência cardíaca. Estes efeitos provocam a sensação de dor no peito. É comum em pessoas que sofrem de Síndrome do Pânico e Transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

Esta dor é descrita como dor em aperto ou peso no "coração". Na crise, a dor vem acompanhada de sensação de bolo na garganta, dificuldade de respirar, respiração mais rápida, suor excessivo, batimentos cardíacos acelerados, náuseas e dores de barriga.

Para amenizar os sintomas é recomendado o repouso em local calmo, conversar com amigos, manter contato com a natureza, tomar chás calmantes e praticar atividades físicas prazerosas. Após a crise, é preciso iniciar tratamento definitivo, com psicoterapia e medicamentos.

Leia também: transtorno de ansiedade generalizada tem cura? Qual é o tratamento?

6. Dor muscular

As tensões e lesões musculares são comuns no cotidiano das pessoas, especialmente para quem pratica atividade física regularmente. Entretanto, também podem acontecer após episódios longos de tosse ou levantamento de objetos pesados.

Esta dor é uma dor constante, incomodativa, localizada, que pode se agravar ao respirar profundamente, pelo próprio movimento do corpo.

Para melhorar os sintomas é indicado repouso, compressas mornas na região da dor e relaxantes musculares.

7. Herpes zoster

O herpes zoster é uma doença causada pelo mesmo vírus da catapora, porém agride e inflama um nervo, causando uma dor intensa, do tipo queimação, associada a bolhas e vesículas em todo o seu trajeto. Popularmente conhecido como bicho geográfico ou "cobreiro".

A localização mais comum é a região torácica, o que confunde com um problema no coração, se for à esquerda, especialmente no início, quando as lesões de pele ainda não apareceram.

Para o tratamento são utilizados medicamentos antivirais, em comprimido e pomada, corticoides, analgésicos potentes e/ou anticonvulsivantes, dependendo da intensidade da dor.

8. Doenças na vesícula

A vesícula é um órgão que fica localizado à direita do estômago e pode inflamar devido à presença de pedras ou consumo de alimentos gordurosos. Quando ocorre a inflamação, a dor se manifesta, principalmente, do lado direito e pode ser referida no peito ou na base do pulmão.

A dor é tipo cólica, intermitente, variando de intensidade, e piora após as refeições, principalmente com o consumo de frituras e alimentos embutidos. Náuseas, sensação de estômago cheio e febre, são sintomas associados com a dor.

O tratamento é definido pelo médico gastroenterologista, ou cirurgião geral.

9. Doenças cardíacas

Os sintomas mais comuns de patologias cardíacas são: cansaço excessivo, palpitação e edema nas pernas. A dor no peito é comum apenas nos casos de obstrução de uma artéria, o infarto agudo do coração ou nos casos de inflamação no músculo do coração, a miocardite, endocardite ou pericardite.

A dor associada a distúrbios cardíacos se intensifica com o esforço físico ou exercício e vem acompanhada de: alterações na frequência dos batimentos, palpitações, inchaço generalizado, cansaço excessivo, suor frio e respiração acelerada.

As arritmias e insuficiência cardíaca, normalmente não se manifestam com dor no peito.

Na suspeita de problema cardíaco, procure um médico cardiologista para identificar possíveis disfunções e realizar o tratamento.

Leia mais: quais são as principais doenças cardiovasculares e suas causas?

10. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)

É a patologia que mais preocupa as pessoas ao sentir a dor no peito, especialmente se esta dor for localizada do lado esquerdo do peito.

O infarto acomete mais pessoas acima dos 45 anos, com outras comorbidades, como a hipertensão arterial mal controlada, colesterol elevado, fumantes e sedentários.

A dor é em aperto ou peso, localizada do lado esquerdo do peito e não melhora com o repouso. Pode irradiar para um dos braços, para o pescoço ou mandíbula, causando uma sensação de formigamento.

Se suspeitar de um infarto do coração é recomendado procurar o pronto-socorro mais próximo, fazer exames como dosagem de enzimas cardíacas, eletrocardiograma e Raio X de tórax.

Veja mais: O que fazer em caso (ou suspeita) de ataque cardíaco?

Procure um hospital imediatamente nestes casos

Como existem causas diversas para dor no peito, é importante ir ao hospital sempre que houver qualquer uma dessas situações:

  • A dor não passar com o repouso
  • A dor durar mais de 20 minutos
  • Sentir tonturas
  • Apresentar suor frio
  • Tiver dificuldade para respirar
  • Dor de cabeça intensa

Pessoas com pressão alta ou Insuficiência Cardíaca, devem usar os medicamentos prescritos pelo cardiologista e somente ir ao hospital nas situações acima ou caso a dor permaneça por mais de 20 minutos.

Saiba mais: O que fazer em caso de dor no peito?