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Mastite: o que é, sintomas, como tratar e prevenir

Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

A mastite é a inflamação da mama, que pode ser acompanhada por infecção bacteriana ou não. Esse quadro atinge principalmente mulheres na faixa etária do 15 aos 45 anos e é mais frequente em mulheres que estão amamentando (lactantes).

Quando atinge puérperas que amamentam chama-se mastite lactacional ou puerperal, aparecendo geralmente nos primeiros três meses após o parto. A mastite pode causar grande dificuldade de amamentação e cuidados ao recém-nascido.

O que causa a mastite?

Todos os fatores que contribuem para a estagnação do leite materno podem aumentar o risco de ingurgitação mamária, caracterizada pelo acúmulo de leite nas mamas, e assim levar ao quadro de mastite.

Algumas situações aumentam o risco de apresentar mastite durante a amamentação, como:

  • Produção de leite maior do que a demanda de amamentação do bebê;
  • Começar tardiamente a amamentar;
  • Restrição de horários de amamentação;
  • Intervalos longos entre uma mamada e outra;
  • Dificuldade de sucção do bebê;
  • Traumas mamilares, que ocorrem principalmente quando o bebê é mal posicionado durante a amamentação;
  • Não esvaziamento da mama;
  • Separação da mãe e do bebê;
  • Dor ao amamentar;
  • Problemas emocionais.

Quais os sintomas da mastite?

A mastite causa sintomas variados decorrentes da inflamação ou infecção das estruturas que compõem a mama como os ductos e glândulas mamárias.

Os sintomas iniciais da mastite são: dor, vermelhidão e inchaço da mama. A mama pode tornar-se endurecida e com o tecido distendido. A dor da mastite costuma ser muito intensa, causando desconforto e dificuldade de realizar as atividades diárias.

Em situações em que ocorre infecção pode acontecer episódios de febre, mal-estar e prostação. A chance de infecção da mama é maior quando ocorrem fissuras e escoriações decorrentes da amamentação.

Em algumas situações a mastite infecciosa pode formar um abcesso mamário, que se apresenta como um nódulo endurecido na mama.

Em situações mais graves de infecção da mama é possível ocorrer septicemia, que consiste em um quadro infeccioso com repercussão em todo o organismo, levando a necessidade de internação hospitalar para tratamento.

Qual é o tratamento da mastite?

O tratamento da mastite lactacional é feito basicamente através do esvaziamento da mama, uso de antibióticos e cuidados locais.

1. Esvaziamento da mama

O esvaziamento mamário é a principal medida no tratamento da mastite. Preferencialmente, deve ser o próprio bebê que está sendo amamentado a esvaziar a mama, portanto durante o episódio de mastite é essencial tentar manter a amamentação.

Mesmo que a mãe esteja com mastite infecciosa não há nenhum risco para o recém-nascido ou criança que esteja sendo amamentada em consumir o leite da mama com mastite.

Quando apenas a amamentação não for suficiente para esvaziar completamente a mama, é necessário fazer a retirada manual do leite materno após a amamentação.

A retirada do leite acumulado costuma levar a melhora dos sintomas, em cerca de 12 a 24 horas, por isso, o esvaziamento mamário é uma medida importante a ser feita.

2. Uso de antibióticos

Quando os sintomas são muito importantes desde o início, ou há presença de fissuras e lesões na mama, ou quando não há melhora dos sintomas após o esvaziamento mamário, está indicado o uso de antibióticos, pela possibilidade de haver infecção bacteriana associada a mastite.

Na presença de abcessos mamários, que são coleções de pus dentro da mama, o uso de antibióticos também é necessário, além da drenagem do pus acumulado.

Não se deve suspender a amamentação mesmo que seja necessário o uso de antibióticos, o esvaziamento mamário é importante para o sucesso do tratamento e para a saúde do bebê. No entanto, apenas se deve usar antibióticos sob prescrição médica, já que nem todos são seguros durante a amamentação.

3. Cuidados locais

Alguns cuidados são importantes para a recuperação do quadro:

  • Repouso durante o tratamento da mastite, ingesta de líquidos e alimentação balanceada durante o tratamento.
  • Uso de sutiã firme que garanta a sustentação da mama
  • Uso de analgésicos para aliviar a dor.

Como prevenir a mastite?

A prevenção da mastite lactacional é feita através de medidas que evitam a ingurgitação da mama, devido ao acumulo de leite, além de medidas que evitam a ocorrência de lesões e fissuras durante a amamentação.

Portanto, para prevenir a mastite puerperal é importante:

  • Amamentar em livre demanda. É essencial amamentar frequentemente, mas sem horários estabelecidos ou fixos, conforme a demanda do bebê.
  • Se o bebê não conseguir sugar é importante fazer a ordenha manual da mama para evitar o acúmulo de leite.
  • Se a aréola ou a mama estiverem tensas, antes da amamentação pode-se ordenhá-la manualmente deixando-a macia e facilitando a pega do bebê.
  • Posicionar adequadamente o bebê durante a amamentação. Existem diferentes posições que podem ser tentadas. Alguns pontos chaves são: manter o rosto do bebê de frente para a mama, manter o corpo do bebê bem próximo ao da mãe, manter a cabeça do bebê alinhada com a coluna e deixá-lo bem apoiado.
  • Garantir que o bebê tenha uma pega adequada, fazendo com que a boca do bebê permaneça bem aberta, com o lábio inferior virado para fora e o queixo tocando a mama.
  • Se notar que a mama está ingurgitada, a realização de massagem com movimentos circulares pode estimular a saída do leite.
  • A mama ingurgitada também pode ser aliviada com a aplicação de compressas frias por no máximo 10 minutos. Não ultrapasse esse tempo por risco de efeito rebote. E evite a aplicação de compressas quentes, que podem piorar a ingurgitação.

Outras formas de mastite

Também existem quadros de mastite que ocorrem em mulheres que não estão amamentando, chamadas de mastites não-lactacionais.

As mastites não lactacionais são raras, e existem duas formas principais: a mastite periductal e mastite granulomatosa idiopática.

A mastite periductal corresponde a inflamação dos ductos subareolares, de causa desconhecida, atingindo principalmente mulheres jovens. Já a mastite granulomatosa idiopática é uma doença inflamatória da mama, benigna e também é de causa desconhecida.

Na presença de sintomas sugestivos de mastite contacte o seu médico de família para uma avaliação.

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Referências bibliográficas

1. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.

2. Promoção do leite materno na atenção básica. Universidade Federal de Santa Catarina. Organizadores: Marcia Sueli Del Castanhel; Carmem Regina Delziovo; Lylian Dalete de Araújo.
Florianópolis: UFSC, 2016.

3. Dixon J. M. Lactational mastitis. Uptodate. 2020