A mastite é a inflamação da mama, que pode ser acompanhada por infecção bacteriana ou não. Esse quadro atinge principalmente mulheres na faixa etária do 15 aos 45 anos e é mais frequente em mulheres que estão amamentando (lactantes).
Quando atinge puérperas que amamentam chama-se mastite lactacional ou puerperal, aparecendo geralmente nos primeiros três meses após o parto. A mastite pode causar grande dificuldade de amamentação e cuidados ao recém-nascido.
O que causa a mastite?
Todos os fatores que contribuem para a estagnação do leite materno podem aumentar o risco de ingurgitação mamária, caracterizada pelo acúmulo de leite nas mamas, e assim levar ao quadro de mastite.
Algumas situações aumentam o risco de apresentar mastite durante a amamentação, como:
- Produção de leite maior do que a demanda de amamentação do bebê;
- Começar tardiamente a amamentar;
- Restrição de horários de amamentação;
- Intervalos longos entre uma mamada e outra;
- Dificuldade de sucção do bebê;
- Traumas mamilares, que ocorrem principalmente quando o bebê é mal posicionado durante a amamentação;
- Não esvaziamento da mama;
- Separação da mãe e do bebê;
- Dor ao amamentar;
- Problemas emocionais.
Quais os sintomas da mastite?
A mastite causa sintomas variados decorrentes da inflamação ou infecção das estruturas que compõem a mama como os ductos e glândulas mamárias.
Os sintomas iniciais da mastite são: dor, vermelhidão e inchaço da mama. A mama pode tornar-se endurecida e com o tecido distendido. A dor da mastite costuma ser muito intensa, causando desconforto e dificuldade de realizar as atividades diárias.
Em situações em que ocorre infecção pode acontecer episódios de febre, mal-estar e prostação. A chance de infecção da mama é maior quando ocorrem fissuras e escoriações decorrentes da amamentação.
Em algumas situações a mastite infecciosa pode formar um abcesso mamário, que se apresenta como um nódulo endurecido na mama.
Em situações mais graves de infecção da mama é possível ocorrer septicemia, que consiste em um quadro infeccioso com repercussão em todo o organismo, levando a necessidade de internação hospitalar para tratamento.
Qual é o tratamento da mastite?
O tratamento da mastite lactacional é feito basicamente através do esvaziamento da mama, uso de antibióticos e cuidados locais.
1. Esvaziamento da mama
O esvaziamento mamário é a principal medida no tratamento da mastite. Preferencialmente, deve ser o próprio bebê que está sendo amamentado a esvaziar a mama, portanto durante o episódio de mastite é essencial tentar manter a amamentação.
Mesmo que a mãe esteja com mastite infecciosa não há nenhum risco para o recém-nascido ou criança que esteja sendo amamentada em consumir o leite da mama com mastite.
Quando apenas a amamentação não for suficiente para esvaziar completamente a mama, é necessário fazer a retirada manual do leite materno após a amamentação.
A retirada do leite acumulado costuma levar a melhora dos sintomas, em cerca de 12 a 24 horas, por isso, o esvaziamento mamário é uma medida importante a ser feita.
2. Uso de antibióticos
Quando os sintomas são muito importantes desde o início, ou há presença de fissuras e lesões na mama, ou quando não há melhora dos sintomas após o esvaziamento mamário, está indicado o uso de antibióticos, pela possibilidade de haver infecção bacteriana associada a mastite.
Na presença de abcessos mamários, que são coleções de pus dentro da mama, o uso de antibióticos também é necessário, além da drenagem do pus acumulado.
Não se deve suspender a amamentação mesmo que seja necessário o uso de antibióticos, o esvaziamento mamário é importante para o sucesso do tratamento e para a saúde do bebê. No entanto, apenas se deve usar antibióticos sob prescrição médica, já que nem todos são seguros durante a amamentação.
3. Cuidados locais
Alguns cuidados são importantes para a recuperação do quadro:
- Repouso durante o tratamento da mastite, ingesta de líquidos e alimentação balanceada durante o tratamento.
- Uso de sutiã firme que garanta a sustentação da mama
- Uso de analgésicos para aliviar a dor.
Como prevenir a mastite?
A prevenção da mastite lactacional é feita através de medidas que evitam a ingurgitação da mama, devido ao acumulo de leite, além de medidas que evitam a ocorrência de lesões e fissuras durante a amamentação.
Portanto, para prevenir a mastite puerperal é importante:
- Amamentar em livre demanda. É essencial amamentar frequentemente, mas sem horários estabelecidos ou fixos, conforme a demanda do bebê.
- Se o bebê não conseguir sugar é importante fazer a ordenha manual da mama para evitar o acúmulo de leite.
- Se a aréola ou a mama estiverem tensas, antes da amamentação pode-se ordenhá-la manualmente deixando-a macia e facilitando a pega do bebê.
- Posicionar adequadamente o bebê durante a amamentação. Existem diferentes posições que podem ser tentadas. Alguns pontos chaves são: manter o rosto do bebê de frente para a mama, manter o corpo do bebê bem próximo ao da mãe, manter a cabeça do bebê alinhada com a coluna e deixá-lo bem apoiado.
- Garantir que o bebê tenha uma pega adequada, fazendo com que a boca do bebê permaneça bem aberta, com o lábio inferior virado para fora e o queixo tocando a mama.
- Se notar que a mama está ingurgitada, a realização de massagem com movimentos circulares pode estimular a saída do leite.
- A mama ingurgitada também pode ser aliviada com a aplicação de compressas frias por no máximo 10 minutos. Não ultrapasse esse tempo por risco de efeito rebote. E evite a aplicação de compressas quentes, que podem piorar a ingurgitação.
Outras formas de mastite
Também existem quadros de mastite que ocorrem em mulheres que não estão amamentando, chamadas de mastites não-lactacionais.
As mastites não lactacionais são raras, e existem duas formas principais: a mastite periductal e mastite granulomatosa idiopática.
A mastite periductal corresponde a inflamação dos ductos subareolares, de causa desconhecida, atingindo principalmente mulheres jovens. Já a mastite granulomatosa idiopática é uma doença inflamatória da mama, benigna e também é de causa desconhecida.
Na presença de sintomas sugestivos de mastite contacte o seu médico de família para uma avaliação.
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Referências bibliográficas
1. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
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Florianópolis: UFSC, 2016.
3. Dixon J. M. Lactational mastitis. Uptodate. 2020