Isquemia cardíaca é um termo usado na medicina, para indicar que houve uma diminuição da circulação sanguínea e do oxigênio, para o coração. Se esse fluxo não for restabelecido rapidamente, a isquemia pode evoluir para um infarto agudo do miocárdio (IAM).
O coração é um músculo que trabalha sem parar, bombeando sangue para todo o corpo, por isso necessita de grande quantidade de sangue e oxigênio, constantemente. A redução do oxigênio prejudica as funções desse órgão.
O que pode provocar uma isquemia cardíaca?
A principal causa de isquemia cardíaca é a obstrução das artérias coronárias, por onde chega o sangue até o coração. As artérias são obstruídas por placas de gordura formadas durante o envelhecimento natural do corpo, associado aos hábitos de vida.
A presença de placas na circulação é conhecida por aterosclerose, uma doença que pode interromper o fluxo de sangue em qualquer região do corpo. Hábitos ruins como o tabagismo, alimentação gordurosa e sedentarismo, são fatores que contribuem para a formação das placas.
Portanto, para não desenvolver a aterosclerose e manter uma boa circulação de sangue é importante se prevenir, evitando os fatores de risco para a doença. São eles:
- Tabagismo
- Colesterol LDL alto (acima de 100) e HDL baixo (abaixo de 50)
- Hipertensão arterial
- Diabetes mellitus ou resistência a insulina
- Obesidade
- Falta de atividade física
- Idade (homens ≥ 45 anos; mulheres ≥ 55 anos)
- História familiar de infarto ainda jovem, especialmente abaixo dos 50 anos
- Estresse, irritabilidade
- Doenças crônicas: Vasculite, Amiloidose, Síndrome do anticorpo antifosfolipídio
- Uso de drogas (cocaína).
Tipos de isquemia cardíaca
A isquemia cardíaca recebe uma classificação de acordo com a sua causa, que orienta os cardiologistas a programar o tratamento e acompanhamento dos pacientes.
Tipo 1: Infarto causado por aterosclerose - presença de placa de gordura na artéria.
Tipo 2: Infarto causado por redução da oferta de oxigênio para o coração. Como nas situações de: Espasmo da artéria (contração involuntária da artéria, diminuindo a passagem de sangue); Embolia (obstrução por placa de gordura ou de coágulo que se soltou); Pico hipertensivo ou Dissecção coronariana (descolamento das paredes das coronárias).
Tipo 3: Infarto que geralmente resulta na parada cardíaca e morte súbita. Situação mais grave, de casos que evoluem rapidamente, sem possibilidades de tratamento.
Tipo 4a: Infarto relacionado a um procedimento cirúrgico, como a intervenção coronária percutânea (ICP). Os critérios para esse diagnóstico são bastante específicos.
Tipo 4b: Uma subcategoria de infarto, relacionada ainda ao procedimento ICP, com trombose do stent colocado nesse procedimento. O stent é uma espécie de mola, que é inserido dentro da artéria, para mantê-la aberta, facilitando o fluxo de sangue. Quando esse material sofre um dano ou é obstruído por um coágulo, por exemplo, interrompe novamente a circulação no local.
Tipo 5: Infarto relacionado a uma complicação de cirurgia cardíaca, em geral, a revascularização do miocárdio.
Sintomas de isquemia cardíaca
Quando falta sangue e oxigênio no coração, o músculo sofre e com isso causa dor no peito e os demais sintomas típicos de IAM. Os sintomas mais comuns são:
- Dor no peito, tipo aperto ou pressão forte
- Dor irradia para o braço esquerdo, mandíbula, queixo ou para o dorso
- Falta de ar
- Suor frio, palidez
- Náuseas, pode haver vômitos
- Sensação de morte e
- Ansiedade.
O que fazer no caso de isquemia cardíaca?
Na isquemia aguda, caracterizada por dor no peito em aperto, que dura mais de 20 minutos, de início súbito, que vem acompanhada de suor frio, palidez, náuseas e mal-estar, é preciso procurar um serviço de urgência imediatamente ou chamar o SAMU (192).
Trata-se de uma emergência médica, com elevado risco de morte, por isso é fundamental não perder tempo.
O que fazer depois de ter um infarto do coração?
Os cuidados que deve manter após um episódio de infarto no coração, são fundamentais para evitar nova isquemia.
1. Controlar os fatores de risco
Mudança de hábitos de vida, especialmente interrompendo o hábito de fumar, que deve ser a primeira medida no tratamento de isquemia cardíaca. Quanto mais agressiva a interrupção do tabagismo, melhores são os resultados.
Assim como controlar a diabetes e a ansiedade.
2. Manter dieta balanceada
A alimentação deve conter baixa ingesta de gordura, aumentar o consumo de frutas, verduras e o consumo de água, com pelo menos 1 litro e meio por dia.
O uso de suplementos de ácido ômega-3 não é recomendado pelas diretrizes brasileiras de cardiologia, porque não mostrou reduzir o risco de eventos cardiovasculares.
De preferência, a alimentação deverá ser orientada por um profissional da área, um nutricionista ou nutrólogo.
3. Atividade física 5x por semana
A frequência ideal para a prática de exercícios é de sete vezes por semana, por isso, no mínimo cinco vezes na semana, para ser realmente eficaz e melhorar a função cardíaca. A duração desses exercícios deve ser de pelo menos 30 minutos por dia.
O tipo de atividade deve ser definido caso a caso pelo médico cardiologista e médico do esporte. No entanto, os esportes competitivos ou extenuantes devem ser proibidos
4. Controlar rigoroso da pressão
Manter a pressão arterial rigorosamente controlada, é mais uma medida necessária para manter um bom funcionamento cardíaco e evitar novo evento de isquemia.
5. Vacina contra o influenza
Os pacientes cardiopatas, que já sofreram um evento de isquemia, devem manter a vacinação em dia para evitar sobrecarga no coração.
6. Medicamentos
Os medicamentos são necessários e as doses definidas caso a caso. No entanto, de acordo com as diretrizes de cardiologia, os remédios que demonstraram melhor resultado na recuperação cardiológica, além de evitar novos eventos são:
- Nitrato, para casos de dor no peito, porque dilata rapidamente os vasos, aumentando a oferta de sangue para o coração;
- AAS (ou clopidogrel), para reduzir a formação de placas dentro das artérias;
- Estatina, a medicação mais importante para a redução do risco cardiovascular!
7. Cirurgia
Os procedimentos cirúrgicos, como a revascularização miocárdica e a angioplastia, podem ser tanto na urgência, para casos de obstrução completa das artérias, como após alguns meses, com objetivo de melhorar o fluxo sanguíneo.
O que é isquemia miocárdica esforço-induzida?
A isquemia miocárdica esforço-induzida, é a falta de sangue no miocárdio, que foi provocada por testes cardiológicos, sendo evidenciada durante o exame.
Portanto, é um conjunto de testes que avaliam ao mesmo tempo, a função cardíaca e a capacidade de troca gasosa pulmonar, durante o esforço físico. Os testes são Indicados para identificar precocemente, o risco de infarto naquele paciente.
O cardiologista é o médico responsável por definir o caso de isquemia, indicar a melhor opção de tratamento. Para maiores esclarecimentos converse com o seu médico.
Saiba mais sobre o tema:
Referência:
UpToDate - Guy S Reeder, et al.; Diagnosis of acute myocardial infarction. Sep 24, 2018.
Sociedade Brasileira de Cardiologia.