Sangramento na gravidez, pode ser normal?
Sim, pode ser normal. O sangramento no início da gravidez, pode representar a fixação do embrião no útero, que para formar a placenta e nutrir o bebê, penetra na camada muscular do útero, causando um discreto sangramento.
A esse sangramento damos o nome de sangramento de implantação, ou sangramento de nidação. Trata-se de um sangramento de pequeno volume, que apenas suja a roupa íntima, por isso nem sempre é percebido e dura de 2 a 3 dias.
No entanto, o sangramento também pode sinalizar um problema grave, como o início de um aborto. Sendo assim, todo e qualquer sangramento durante a gravidez deve ser informado ao obstetra imediatamente, sobretudo aqueles associados a dor, cólicas, febre, sangramento volumoso ou com presença de coágulos.
Causas de sangramento na gravidez
Sangramento no início da gravidez
No primeiro trimestre da gravidez, o sangramento pode ocorrer pela implantação do óvulo, por um descolamento do embrião, por uma gravidez ectópica ou aborto espontâneo. Outras causas menos comuns são as infecções urinárias e presença de pólipos.
1. Sangramento de nidação
Nos primeiros dias da gravidez, quando o óvulo fecundado chega ao útero, ele penetra na parede do útero, para dar origem a placenta, estrutura que nutre o embrião, possibilitando o desenvolvimento do bebê.
Como a parede do útero é composta de músculo e com grande número de vasos sanguíneos, pode haver um pequeno sangramento rosado, sem dor ou outros sintomas, que dura no máximo 3 dias.
O sangramento representa um dos primeiros sinais de gravidez, embora não seja percebido por todas as mulheres e recebe o nome de sangramento de nidação.
2. Descolamento do embrião (saco gestacional)
O descolamento do saco gestacional, significa a presença de sangue (hematoma), entre o embrião e a parede do útero. Situação de risco, que pode evoluir com o descolamento completo e aborto. Essa alteração se manifesta pelo sangramento vaginal.
Dependendo do volume desse hematoma, será indicado repouso absoluto e medicamentos, visando proteger a gestação.
3. Gravidez ectópica
A gravidez ectópica é uma gestação que acontece fora da cavidade uterina. O local mais comum são as trompas, mas pode ocorrer no ovário, ligamento largo, colo do útero ou mais raramente, na cavidade abdominal.
Os principais sintomas são o atraso menstrual, dor abdominal ou no baixo ventre, de forte intensidade e sangramento vaginal.
A gravidez ectópica é uma urgência médica, pois pode evoluir com ruptura da trompa, hemorragia e risco de morte. Por isso, na suspeita de gravidez ectópica, procure imediatamente um serviço de emergência.
4. Ameaça de aborto
A ameaça de aborto é a condição mais temida pelas mulheres nessa fase da gestação. Situação em que por algum motivo, o organismo inicia um processo de expulsão do óvulo fecundado. O primeiro ou um dos primeiros sinais de aborto, é o sangramento vaginal, com presença de coágulos e cólica abdominal.
Em geral acontece até a 8ª semana de gestação e a causa mais comum de aborto no primeiro trimestre são as anomalias genéticas.
Sangramento no segundo e terceiro trimestre de gravidez
No segundo e terceiro trimestres de gestação, os sangramentos são mais preocupantes, e devem ser rapidamente investigados. As causas mais comuns são o aborto tardio (com mais de 20 semanas), placenta baixa, descolamento prematuro de placenta, placenta prévia e trabalho de parto prematuro.
1. Aborto tardio
O abortamento nessa fase da gestação costuma acontecer devido a complicações de doenças crônicas, como diabetes e pressão alta. Os sintomas são o sangramento, associado a cólicas de forte intensidade, ainda pode apresentar, febre, náuseas ou vômitos, no caso de aborto infectado.
O tratamento deve ser avaliado caso a caso, na maioria das vezes precisa de internação hospitalar para hidratação, antibioticoterapia e curetagem ou cirurgia de urgência.
2. Placenta prévia
A placenta prévia é a implantação da placenta muito baixa, próxima ao colo do útero. Posição em que a placenta fica mais exposta a traumas, mais próxima do meio externo (colo uterino), propensa a infecções e mais próxima da cabeça do bebê, sofrendo pressão contínua no final da gestação.
Sendo assim, situações de pequenos traumas, esforço físico ou contrações uterinas, podem causar pequenos sangramentos, com sangue vivo. O tratamento deve ser repouso e medidas de prevenção como evitar as relações e esforço físico, mesmo que leve.
3. Descolamento prematuro de placenta
O descolamento prematuro de placenta (DPP) acontece principalmente entre a 33ª e 34ª semanas de gestação, na grande maioria das vezes por um pico hipertensivo, mas pode ocorrer também devido à idade avançada, uso de drogas, tabagismo ou traumatismos (quedas ou acidentes).
Os sintomas são de sangramento volumoso, com presença de coágulos e cólica intensa e contínua. É um caso de emergência obstétrica, com risco de vida para a mãe e o bebê. Por isso, na suspeita de DPP procure uma urgência médica imediatamente.
4. Trabalho de parto prematuro
O trabalho de parto prematuro, pode levar a pequenos sangramentos, pela contração uterina e "amolecimento" do colo do útero.
Não costuma sinalizar um problema, a não ser que venha acompanhado de outros sinais como: dor abdominal, cólicas ou presença de coágulos junto ao sangramento.
Outras causas de sangramento na gravidez
Outras situações que podem causar sangramento em qualquer momento da gravidez, são:
- Infecção urinária
- Infecção sexualmente transmissível (IST)
- Traumatismo
- Ruptura uterina
As infecções em geral apresentam febre, mal-estar e falta de apetite, junto ao quadro de sangramento vaginal. São situações que devem ser tratadas com antibióticos, o quanto antes, para evitar complicações como o abortamento.
O trauma na barriga da gestante pode comprometer a mãe e o bebê, por isso deve sempre ser avaliado pelo obstetra mesmo que parece algo simples.
A ruptura uterina é uma emergência médica, com alto risco de morte para a mãe e para o bebê, devido a grave hemorragia. Os sintomas são de sangramento volumoso, dor intensa na barriga e
Sangramento na gravidez é grave?
Sim, pode ser grave principalmente na presença de:
- Sangramento volumoso,
- Sangramento vermelho vivo,
- Sangramento com coágulos,
- Sangramento com cólicas ou dor na barriga e
- Sangramento com febre.
Se perceber qualquer um desses sintomas, ou mais de um, procure uma emergência médica, imediatamente.
Ter relações durante a gravidez é perigoso?
Não. Em geral, a relação sexual não é contraindicado durante a gravidez, a não ser que haja algum problema. Um exemplo de contraindicação é a placenta prévia ou risco de parto prematuro.
Na dúvida, converse e esclareça todas as dúvidas com o seu obstetra. Cabe ao obstetra avaliar e conduzir, da melhor forma, as situações de sangramento e dúvidas da gestante, assegurando o bem-estar da mãe e do bebê, durante todas as fases da gestação.
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Referência:
FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
UpToDate - Errol R Norwitz, e cols. Overview of the etiology and evaluation of vaginal bleeding in pregnant women. Dec 17, 2019.