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O cigarro eletrônico pode fazer tão mal a saúde quanto os cigarros comuns
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O cigarro eletrônico pode fazer tão mal a saúde quanto os cigarros comuns, dependendo do tipo e da forma de uso. Além disso, não sabemos ainda quais os efeitos do seu uso a longo prazo.

Desenvolvidos com intuito de apoio ao combate contra o tabagismo, por ser aparentemente mais seguro e com menor taxa de nicotina, os cigarros eletrônicos vêm apresentando resultados bastante controversos.

Sendo assim, enquanto os estudos não comprovam um benefício, o consumo e comercialização dos cigarros eletrônicos e demais dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), permanecem proibidos no Brasil.

Narguilé faz mal a saúde?

Sim. O narguilé (ou water pipe ou shisha ou hookah) é um dispositivo eletrônico para fumar (DEF), desenvolvido na Índia, e utilizado em grupos, com sessões que podem durar de 20 a 80 minutos.

O aparelho é aquecido por combustão de carvão ou madeira, que ativa a mistura do tabaco e produz a fumaça que será inalada após passar por um filtro de água e por uma longa mangueira. Essa fumaça é inalada por diversas pessoas, várias vezes, durante toda uma sessão.

Os malefícios se sobrepõe ao uso de cigarro devido aos seguintes fatores:

  • O tempo de exposição a essa fumaça é muito superior à exposição do uso de um cigarro comum, pois pode durar de 20 a 80 minutos, dependendo da sessão;
  • O filtro de água utilizado no dispositivo não é suficiente para impedir a passagem das substâncias tóxicas e cancerígenas para os pulmões, como fora defendido, e
  • A quantidade de substâncias tóxicas inaladas também podem ser superiores ao cigarro comum, de acordo com o composto escolhido, porque além das toxinas do composto, são produzidas toxinas da combustão do carvão ou madeira.

Portanto, fazer uso de narguilé não é seguro e comprovadamente aumenta o risco de doenças graves, como a dependência física e psíquica, câncer de pulmão, câncer de boca (lábios, língua, faringe) e doenças cardíacas.

Malefícios do cigarro eletrônico

Os malefícios do uso regular de um cigarro eletrônico, ainda não está totalmente esclarecido, pois faltam estudos com número maior de casos e de seguimento.

Os efeitos dependem da quantidade de uso, da concentração de nicotina líquida e das demais substâncias incluídas no composto utilizado. Varia também de acordo com o tempo de exposição ao cigarro e a fumaça produzida.

No entanto, o que já sabemos é que os malefícios são semelhantes aqueles conhecidos pelo consumo do cigarro comum, como o aumento do risco de:

  • Dependência química
  • Enfisema pulmonar
  • Asma brônquica
  • Câncer de pulmão
  • Infarto agudo do coração
  • Tromboembolismo pulmonar
  • Doenças do fígado
O que é cigarro eletrônico?

O cigarro eletrônico é um dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), que disponibiliza a nicotina líquida, em forma de vapor. Para isso dependem de uma bateria ou material de combustão, como madeira e carvão.

O dispositivo é abastecido com compostos que incluem, nicotina líquida, solvente como o glicerol, água, aromatizantes e outros aditivos. A nicotina pode ter diferentes intensidades e já existem opções sem a nicotina.

O uso parece mais confortável porque exala cheiro mais agradável, e a sua aparência é mais moderna. Em contrapartida, parece oferecer os mesmos riscos, de doenças respiratórias graves, problemas cardíacos, e ainda risco de danos físicos, como queimaduras, quando ocorre algum problema com o aparelho. Já foram relatados alguns casos de explosão do cigarro eletrônico causando queimaduras de face e mãos de adeptos a esse dispositivo.

Para buscar ajuda e interromper a dependência do cigarro, entre em contato com o Programa Nacional de Controle ao Tabagismo, do seu estado.

Referências:

  • Nancy A Rigotti, Sara Kalkhoran. Vaping and e-cigarettes. UpToDate. Aug 28, 2020.

  • MINISTÉRIO DA SAÚDE Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Cigarros eletrônicos: o que sabemos? Estudo sobre a composição do vapor e danos à saúde, o papel na redução de danos e no tratamento da dependência de nicotina. Rio de janeiro, 2016.

  • ANVISA - Agência Nacional de Vigilância de Saúde

  • INCA - Instituto Nacional de Câncer

transtorno afetivo bipolar
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é caracterizado por alterações graves de humor. O transtorno se caracteriza por períodos alternados de euforia e depressão, sempre com grande intensidade.

É uma condição psiquiátrica bastante complexa porque entre estes períodos de euforia e depressão existem ainda momentos de sintomas leves e momentos em que a pessoa não apresenta nenhum sintoma.

São descritos como fase maníaca (euforia), fase depressiva, hipomania e fase assintomática (sem sintomas).

Quais os sintomas do transtorno bipolar?

As pessoas com transtorno bipolar apresentam variações de humor, alterações no padrão de sono, níveis de atividade e comportamentos incomuns. Os sintomas variam de acordo com as diferentes fases em que se encontra: maníaca, depressiva ou hipomaníaca.

Fase maníaca

Na fase maníaca o comportamento da pessoa com distúrbio bipolar pode trazer danos para ela mesma e para as pessoas próximas, especialmente familiares (perda de emprego, atividades sexuais aumentadas, gasto de dinheiro excessivo). Os sintomas desta fase incluem:

  • Euforia ou exaltação intensa;
  • Agitação, sensibilidade ou irritação (nervosismo);
  • Excesso de energia com aumento excessivo das atividades do dia a dia;
  • Fala rapidamente sobre muitas coisas diferentes;
  • Pensamentos rápidos;
  • Dificuldade para dormir;
  • Comportamentos arriscados como praticar sexo sem prevenção ou gastar muito dinheiro.

A fase maníaca dura mais de uma semana e o estado de euforia ou irritabilidade estão presentes todos os dias e na maior parte do dia.

É importante que a pessoa ou familiares procurem um psiquiatra para avaliação e tratamento o mais precoce possível.

Fase depressiva
  • Tristeza profunda, sensação de vazio e desesperança;
  • Apatia, falta de interesse;
  • Preocupações excessivas;
  • Problemas de concentração e esquecimentos;
  • Alterações de apetite e/ou perda de peso;
  • Dificuldade para dormir, insônia ou hipersonia (dormir excessivamente);
  • Cansaço;
  • Sensação de não desfrutar de nada;
  • Pensamentos recorrentes sobre morte e suicídio;

Esta fase dura pelo menos 4 semanas e precisa de avaliação psiquiátrica também de forma precoce, especialmente pela alta frequência de idéias suicidas.

Fase de hipomania.

Na fase de hipomania, a pessoa apresenta sintomas mais leves e com uma duração menor do que na fase maníaca. Esta fase dura em torno de 4 dias e o paciente se torna mais eufórico, fala mais que o habitual e se torna mais ativo e sociável.

Quais os tipos de transtorno bipolar?1. Transtorno afetivo bipolar tipo I

A pessoa com transtorno afetivo bipolar tipo I apresenta pelo menos um episódio maníaco com duração de, no mínimo, 7 dias. Após esta fase de mania o paciente começa a apresentar-se deprimido por duas semanas ou mesmo meses.

Nas duas fases (maníaca e depressiva) os sintomas costumam ser bastante intensos e causam mudanças no comportamento e nas ações da pessoa que podem comprometer a sua vida pessoal, profissional e a sua relação com familiares.

Neste tipo de transtorno, o quadro psiquiátrico pode se tornar bastante grave e a pessoa pode estar em risco para suicídio e outras complicações do seu estado de saúde mental.

É importante buscar apoio profissional nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS para acompanhamento de um psiquiatra e equipe de saúde mental.

2. Transtorno afetivo bipolar tipo II

O transtorno afetivo bipolar do tipo II se caracteriza pela alternância entre as fases de depressão e as de hipomania.

A pessoa com este tipo de transtorno bipolar apresenta um estado de euforia mais leve, otimismo, excitação e, em alguns momentos, pode se tornar agressiva.

Pelo fato de os sintomas serem mais leves, não há riscos de comprometimento das atividades diárias e relações familiares do paciente.

3. Transtorno afetivo bipolar ciclotímico

O transtorno bipolar ciclotímico é a forma mais leve de bipolaridade e se caracteriza por modificações (flutuações) constantes e crônicas do humor.

Quem desenvolve este tipo de transtorno bipolar alterna os sintomas de hipomania com episódios depressivos leves. Muitas vezes a pessoa é vista por familiares e/ou pessoas próximas como aquela de temperamento instável, ou irresponsável.

Existe algum teste para diagnosticar o transtorno bipolar?

Não. Não existem testes capazes de diagnosticar o transtorno afetivo bipolar. Nestes casos, é necessário e importante a realização, o quanto antes, de uma avaliação psiquiátrica.

É bastante comum que o transtorno afetivo bipolar seja confundido com esquizofrenia, síndrome do pânico, transtornos de ansiedade ou mesmo com a depressão. Além disso, os sintomas podem ser mascarados pelo uso de álcool, medicamentos e outras substâncias ilícitas.

Estas condições dificultam o diagnóstico do transtorno afetivo bipolar. O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra com base na história clínica e nos sintomas informados pelo próprio paciente e pela sua família.

Como é feito o tratamento do transtorno bipolar?

É importante que você saiba que o transtorno afetivo bipolar não tem cura, entretanto é possível controlar a doença. O tratamento envolve:

  • Uso de medicamentos: os ansiolíticos, estabilizadores do humor como o carbonato de lítio, antipsicóticos e anticonvulsivantes são alguns dos medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar. Os remédios a serem indicados dependem do tipo de transtorno, da sua gravidade e evolução.
  • Psicoterapia: a terapia com um psicólogo auxilia o paciente a lidar com as crises e fazer com que elas se tornem menos frequentes. Além disso, ajuda na sua adesão e manutenção do tratamento.
  • Mudanças no estilo de vida: a pessoa com transtorno afetivo bipolar deve adotar um estilo de vida saudável que priorize a redução dos níveis de estresse, regulação do sono e hábitos alimentares saudáveis.
  • Não consumir álcool e outras substâncias psicoativas como anfetaminas e cafeína, reduzem as crises e intensidade dos sintomas, quando presentes.

Se você identifica alguns destes sintomas em si mesmo ou em um de seus familiares, procure avaliação de um psiquiatra e/ou psicológico, em Centros de Atenção Psicossocial – CAPS da rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Não utilize medicamentos sem orientação de um psiquiatra.

Referências:

  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM–5). American Psychiatric Association (APA).
  • Estric, C. et al. Dissociative symptomatology in bipolar disorders: A systematic qualitative review. French Journal of Psychiatry, March 2020, vol.1, p. 11-24.
  • Rosenthal, S.J. et al. Seasonal effects on bipolar disorder: A closer look. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, May 2020.