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Depressão: entenda o que é, quais os sintomas mentais e físicos e tratamentos
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

A depressão é um transtorno mental caracterizado pela sensação de tristeza, sentimento de culpa e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

O desânimo perdura pela maior parte do dia e dura muitos meses consecutivos. Tem como causa principal a predisposição genética, mas os fatores ambientais, questões sociais e financeiras também podem precipitar o início da doença.

O médico psiquiatra é o responsável por confirmar o diagnóstico e planejar o tratamento.

Sintomas mentais (psíquicos) da depressão

Os sintomas chamados mentais ou psíquicos, são aqueles que não são visíveis, por isso podem ser menos valorizados, embora sejam os que mais causam sofrimento à pessoa. São eles:

  • Sensação de tristeza constante;
  • Falta de interesse e prazer;
  • Sentimento de culpa;
  • Lentificação de movimentos e pensamentos;
  • Insônia ou sonolência;
  • Mal-estar, cansaço antes não observado;
  • Dor crônica (dor que dura mais de 3 meses);
  • Alterações do apetite (falta de apetite ou aumento da fome);
  • Alterações do interesse sexual (redução da libido, na maioria das vezes).
Sintomas físicos da depressão

Os sintomas psíquicos de depressão podem desencadear sintomas físicos, aqueles que podemos observar ou medir no exame físico. Os mais comuns são:

  • Azia, eructação frequente (arrotos);
  • Distúrbios intestinais (constipação ou diarreia);
  • Taquicardia (elevação da frequência cardíaca);
  • Aumento da pressão arterial;
  • Sudorese (suor aumentado).
Como tratar a depressão?

O tratamento depende do tipo de depressão, da gravidade dos sintomas e das condições de saúde da pessoa.

A forma mais eficaz de tratar a doença envolve a psicoterapia e atividades físicas associadas ao uso de medicamentos antidepressivos.

Portanto, é preciso passar por uma consulta com psicólogo e médico psiquiatra, que irão definir o tipo de doença e qual a melhor medicação para cada pessoa.

Em conjunto com a psicoterapia e medicação, o médico e/psicólogo poderão orientar aos tratamentos complementares como atividades físicas, de preferência, orientadas por um profissional educador físico, que saberá os limites e tipos de treino para sua recuperação.

É possível prevenir a depressão?

A prevenção da depressão está relacionada a adoção de hábitos saudáveis como:

  • Ter uma dieta equilibrada e saudável;
  • Reduzir o consumo diário de café e/ou outras bebidas que contenham cafeína;
  • Praticar regularmente atividade física;
  • Estabelecer uma rotina de sono regular;
  • Manejar o estresse organizando o tempo para atividades prazerosas;
  • Evitar o uso abusivo de álcool e outras drogas.
Depressão tem cura?

Existe a possibilidade de remissão completa dos sintomas, entretanto, isto não significa a cura da depressão. De forma geral, a manutenção do tratamento com psicoterapia e uso de antidepressivos é necessária em longo prazo.

A pessoa com depressão deve ser avaliada periodicamente por psicólogo e psiquiatra para analisar o quadro depressivo e o efeito da medicação.

Quando a alta médica e psicológica é dada e a medicação é suspensa, sob orientação médica, a pessoa é considerada curada. No entanto, é preciso orientá-la quanto à possibilidade e sinais de recaídas.

A depressão é um transtorno mental que ocorre frequentemente, tem associação com o suicídio e, por estes motivos, deve ser tratada como qualquer outra doença.

Tipos de depressãoDistimia ou Transtorno depressivo persistente (TDP)

O termo distimia foi recentemente substituído por Transtorno depressivo persistente (TDP), e caracteriza-se por um quadro de depressivo mais leve e crônico, que deve perdurar por pelo menos 2 anos em adultos, e 1 ano em crianças. As alterações mais comuns são o humor deprimido e as queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo.

Acomete, na maior parte das vezes, pessoas excessiva e persistentemente preocupadas. O seu início se dá no período da adolescência ou início da vida adulta.

Depressão endógena

A depressão endógena indica um transtorno interno, possivelmente, associado à uma diminuição de neurotransmissores como a serotonina. Neste tipo de depressão predominam como sintomas o desinteresse, a falta de prazer em atividades normalmente agradáveis, os distúrbios de sono, a ansiedade e a tristeza.

Depressão Atípica

A depressão atípica se manifesta com aumento do apetite acompanhado ou não de ganho de peso, sensação de corpo pesado, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência excessiva, sensibilidade exagerada à rejeição e respostas negativas aos estímulos ambientais.

Depressão sazonal

A depressão sazonal normalmente começa no início do outono, persiste durante o inverno e apresenta remissão do quadro com a chegada da primavera. Apatia, isolamento social, diminuição das atividades da vida diária, sonolência, aumento do apetite com preferência para doces e carboidratos e redução da libido, são os sintomas mais frequentes.

Depressão psicótica

A depressão psicótica é um dos casos mais graves de depressão e se caracteriza por sintomas de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, pobreza, desastres iminentes e doenças incuráveis. Já as alucinações estão relacionadas às alucinações auditivas.

Depressão bipolar

A maior parte das pessoas com transtorno bipolar iniciam o seu quadro de bipolaridade com um episódio depressivo. Quanto mais precoce for o seu início, maior é a chance de que a pessoa venha a desenvolver transtorno bipolar. Pessoas com histórico familiar de bipolaridade, depressão maior, abuso de substâncias e transtorno de ansiedade são indicativos importantes do desenvolvimento de transtorno bipolar.

Depressão secundária

São as síndromes depressivas que podem ser associadas ou provocadas pelo uso de medicamentos.

Para uma avaliação, diagnóstico e indicação de tratamento adequado procure atendimento na Atenção Primária, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e nos ambulatórios especializados.

Saiba mais como pode cuidar da depressão no artigo: As 4 Formas para Combater a Depressão

Referências:

  • Lawrence T. Park, et al.; Depression in the Primary Care Setting. N Engl J Med. 2019 February 07; 380(6): 559–568.
  • ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria
O cigarro eletrônico pode fazer tão mal a saúde quanto os cigarros comuns
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O cigarro eletrônico pode fazer tão mal a saúde quanto os cigarros comuns, dependendo do tipo e da forma de uso. Além disso, não sabemos ainda quais os efeitos do seu uso a longo prazo.

Desenvolvidos com intuito de apoio ao combate contra o tabagismo, por ser aparentemente mais seguro e com menor taxa de nicotina, os cigarros eletrônicos vêm apresentando resultados bastante controversos.

Sendo assim, enquanto os estudos não comprovam um benefício, o consumo e comercialização dos cigarros eletrônicos e demais dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), permanecem proibidos no Brasil.

Narguilé faz mal a saúde?

Sim. O narguilé (ou water pipe ou shisha ou hookah) é um dispositivo eletrônico para fumar (DEF), desenvolvido na Índia, e utilizado em grupos, com sessões que podem durar de 20 a 80 minutos.

O aparelho é aquecido por combustão de carvão ou madeira, que ativa a mistura do tabaco e produz a fumaça que será inalada após passar por um filtro de água e por uma longa mangueira. Essa fumaça é inalada por diversas pessoas, várias vezes, durante toda uma sessão.

Os malefícios se sobrepõe ao uso de cigarro devido aos seguintes fatores:

  • O tempo de exposição a essa fumaça é muito superior à exposição do uso de um cigarro comum, pois pode durar de 20 a 80 minutos, dependendo da sessão;
  • O filtro de água utilizado no dispositivo não é suficiente para impedir a passagem das substâncias tóxicas e cancerígenas para os pulmões, como fora defendido, e
  • A quantidade de substâncias tóxicas inaladas também podem ser superiores ao cigarro comum, de acordo com o composto escolhido, porque além das toxinas do composto, são produzidas toxinas da combustão do carvão ou madeira.

Portanto, fazer uso de narguilé não é seguro e comprovadamente aumenta o risco de doenças graves, como a dependência física e psíquica, câncer de pulmão, câncer de boca (lábios, língua, faringe) e doenças cardíacas.

Malefícios do cigarro eletrônico

Os malefícios do uso regular de um cigarro eletrônico, ainda não está totalmente esclarecido, pois faltam estudos com número maior de casos e de seguimento.

Os efeitos dependem da quantidade de uso, da concentração de nicotina líquida e das demais substâncias incluídas no composto utilizado. Varia também de acordo com o tempo de exposição ao cigarro e a fumaça produzida.

No entanto, o que já sabemos é que os malefícios são semelhantes aqueles conhecidos pelo consumo do cigarro comum, como o aumento do risco de:

  • Dependência química
  • Enfisema pulmonar
  • Asma brônquica
  • Câncer de pulmão
  • Infarto agudo do coração
  • Tromboembolismo pulmonar
  • Doenças do fígado
O que é cigarro eletrônico?

O cigarro eletrônico é um dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), que disponibiliza a nicotina líquida, em forma de vapor. Para isso dependem de uma bateria ou material de combustão, como madeira e carvão.

O dispositivo é abastecido com compostos que incluem, nicotina líquida, solvente como o glicerol, água, aromatizantes e outros aditivos. A nicotina pode ter diferentes intensidades e já existem opções sem a nicotina.

O uso parece mais confortável porque exala cheiro mais agradável, e a sua aparência é mais moderna. Em contrapartida, parece oferecer os mesmos riscos, de doenças respiratórias graves, problemas cardíacos, e ainda risco de danos físicos, como queimaduras, quando ocorre algum problema com o aparelho. Já foram relatados alguns casos de explosão do cigarro eletrônico causando queimaduras de face e mãos de adeptos a esse dispositivo.

Para buscar ajuda e interromper a dependência do cigarro, entre em contato com o Programa Nacional de Controle ao Tabagismo, do seu estado.

Referências:

  • Nancy A Rigotti, Sara Kalkhoran. Vaping and e-cigarettes. UpToDate. Aug 28, 2020.

  • MINISTÉRIO DA SAÚDE Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Cigarros eletrônicos: o que sabemos? Estudo sobre a composição do vapor e danos à saúde, o papel na redução de danos e no tratamento da dependência de nicotina. Rio de janeiro, 2016.

  • ANVISA - Agência Nacional de Vigilância de Saúde

  • INCA - Instituto Nacional de Câncer

transtorno afetivo bipolar
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é caracterizado por alterações graves de humor. O transtorno se caracteriza por períodos alternados de euforia e depressão, sempre com grande intensidade.

É uma condição psiquiátrica bastante complexa porque entre estes períodos de euforia e depressão existem ainda momentos de sintomas leves e momentos em que a pessoa não apresenta nenhum sintoma.

São descritos como fase maníaca (euforia), fase depressiva, hipomania e fase assintomática (sem sintomas).

Quais os sintomas do transtorno bipolar?

As pessoas com transtorno bipolar apresentam variações de humor, alterações no padrão de sono, níveis de atividade e comportamentos incomuns. Os sintomas variam de acordo com as diferentes fases em que se encontra: maníaca, depressiva ou hipomaníaca.

Fase maníaca

Na fase maníaca o comportamento da pessoa com distúrbio bipolar pode trazer danos para ela mesma e para as pessoas próximas, especialmente familiares (perda de emprego, atividades sexuais aumentadas, gasto de dinheiro excessivo). Os sintomas desta fase incluem:

  • Euforia ou exaltação intensa;
  • Agitação, sensibilidade ou irritação (nervosismo);
  • Excesso de energia com aumento excessivo das atividades do dia a dia;
  • Fala rapidamente sobre muitas coisas diferentes;
  • Pensamentos rápidos;
  • Dificuldade para dormir;
  • Comportamentos arriscados como praticar sexo sem prevenção ou gastar muito dinheiro.

A fase maníaca dura mais de uma semana e o estado de euforia ou irritabilidade estão presentes todos os dias e na maior parte do dia.

É importante que a pessoa ou familiares procurem um psiquiatra para avaliação e tratamento o mais precoce possível.

Fase depressiva
  • Tristeza profunda, sensação de vazio e desesperança;
  • Apatia, falta de interesse;
  • Preocupações excessivas;
  • Problemas de concentração e esquecimentos;
  • Alterações de apetite e/ou perda de peso;
  • Dificuldade para dormir, insônia ou hipersonia (dormir excessivamente);
  • Cansaço;
  • Sensação de não desfrutar de nada;
  • Pensamentos recorrentes sobre morte e suicídio;

Esta fase dura pelo menos 4 semanas e precisa de avaliação psiquiátrica também de forma precoce, especialmente pela alta frequência de idéias suicidas.

Fase de hipomania.

Na fase de hipomania, a pessoa apresenta sintomas mais leves e com uma duração menor do que na fase maníaca. Esta fase dura em torno de 4 dias e o paciente se torna mais eufórico, fala mais que o habitual e se torna mais ativo e sociável.

Quais os tipos de transtorno bipolar?1. Transtorno afetivo bipolar tipo I

A pessoa com transtorno afetivo bipolar tipo I apresenta pelo menos um episódio maníaco com duração de, no mínimo, 7 dias. Após esta fase de mania o paciente começa a apresentar-se deprimido por duas semanas ou mesmo meses.

Nas duas fases (maníaca e depressiva) os sintomas costumam ser bastante intensos e causam mudanças no comportamento e nas ações da pessoa que podem comprometer a sua vida pessoal, profissional e a sua relação com familiares.

Neste tipo de transtorno, o quadro psiquiátrico pode se tornar bastante grave e a pessoa pode estar em risco para suicídio e outras complicações do seu estado de saúde mental.

É importante buscar apoio profissional nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS para acompanhamento de um psiquiatra e equipe de saúde mental.

2. Transtorno afetivo bipolar tipo II

O transtorno afetivo bipolar do tipo II se caracteriza pela alternância entre as fases de depressão e as de hipomania.

A pessoa com este tipo de transtorno bipolar apresenta um estado de euforia mais leve, otimismo, excitação e, em alguns momentos, pode se tornar agressiva.

Pelo fato de os sintomas serem mais leves, não há riscos de comprometimento das atividades diárias e relações familiares do paciente.

3. Transtorno afetivo bipolar ciclotímico

O transtorno bipolar ciclotímico é a forma mais leve de bipolaridade e se caracteriza por modificações (flutuações) constantes e crônicas do humor.

Quem desenvolve este tipo de transtorno bipolar alterna os sintomas de hipomania com episódios depressivos leves. Muitas vezes a pessoa é vista por familiares e/ou pessoas próximas como aquela de temperamento instável, ou irresponsável.

Existe algum teste para diagnosticar o transtorno bipolar?

Não. Não existem testes capazes de diagnosticar o transtorno afetivo bipolar. Nestes casos, é necessário e importante a realização, o quanto antes, de uma avaliação psiquiátrica.

É bastante comum que o transtorno afetivo bipolar seja confundido com esquizofrenia, síndrome do pânico, transtornos de ansiedade ou mesmo com a depressão. Além disso, os sintomas podem ser mascarados pelo uso de álcool, medicamentos e outras substâncias ilícitas.

Estas condições dificultam o diagnóstico do transtorno afetivo bipolar. O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra com base na história clínica e nos sintomas informados pelo próprio paciente e pela sua família.

Como é feito o tratamento do transtorno bipolar?

É importante que você saiba que o transtorno afetivo bipolar não tem cura, entretanto é possível controlar a doença. O tratamento envolve:

  • Uso de medicamentos: os ansiolíticos, estabilizadores do humor como o carbonato de lítio, antipsicóticos e anticonvulsivantes são alguns dos medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar. Os remédios a serem indicados dependem do tipo de transtorno, da sua gravidade e evolução.
  • Psicoterapia: a terapia com um psicólogo auxilia o paciente a lidar com as crises e fazer com que elas se tornem menos frequentes. Além disso, ajuda na sua adesão e manutenção do tratamento.
  • Mudanças no estilo de vida: a pessoa com transtorno afetivo bipolar deve adotar um estilo de vida saudável que priorize a redução dos níveis de estresse, regulação do sono e hábitos alimentares saudáveis.
  • Não consumir álcool e outras substâncias psicoativas como anfetaminas e cafeína, reduzem as crises e intensidade dos sintomas, quando presentes.

Se você identifica alguns destes sintomas em si mesmo ou em um de seus familiares, procure avaliação de um psiquiatra e/ou psicológico, em Centros de Atenção Psicossocial – CAPS da rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Não utilize medicamentos sem orientação de um psiquiatra.

Referências:

  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM–5). American Psychiatric Association (APA).
  • Estric, C. et al. Dissociative symptomatology in bipolar disorders: A systematic qualitative review. French Journal of Psychiatry, March 2020, vol.1, p. 11-24.
  • Rosenthal, S.J. et al. Seasonal effects on bipolar disorder: A closer look. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, May 2020.