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Irmãos podem ter tipo sanguíneo diferente?

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Sim. Os irmãos, inclusive gêmeos, podem ter tipos sanguíneos diferentes, dependendo da combinação entre os genes recebidos dos pais, em cada gestação.

Isso ocorre porque o tipo sanguíneo é sempre composto por dois genes. Cada um dos pais tem dois genes e transmite apenas um deles ao bebê. A cada gestação pode transmitir um ou o outro, o que possibilita a formação de um tipo sanguíneo diferente.

Tipos sanguíneos

Sabemos que existem apenas 4 tipos de sangue, os tipos, A, B, AB e O, que são definidos pela proteína presente na parede da hemácia, principal célula do sangue.

Entretanto, cada tipo sanguíneo pode apresentar uma ou duas formas de expressão genéticas, da seguinte maneira:

  • Tipo A - pode ter um gene tipo A e um tipo O ou os dois A: AO ou AA
  • Tipo B - pode ter um gene tipo B e outro tipo O ou os dois B: BO ou BB
  • Tipo AB - obrigatoriamente recebeu um tipo A e outro B: AB
  • Tipo O - obrigatoriamente recebeu dois genes tipo zero: OO

Vemos assim, que as combinações dependem não só do tipo de sangue dos pais, mas também da expressão que cada um transmite ao bebê naquela gestação, principalmente se um deles for tipo A, tipo B ou tipo AB.

Vamos ver alguns exemplos:

Filhos de pais com sangue tipo A com O

Mãe tipo A, pela expressão AO:

Neste caso a mãe pode transmitir tanto o gene A quanto o gene O. Se passar o gene O e o pai também passar um gene O, a criança será Tipo O.

(O da mãe + O do pai = OO).

Mas se na segunda gestação, a mãe transmitir o tipo A, com o mesmo pai tipo O, o irmão ou irmã, será Tipo A.

(A da mãe + O do pai = AO).

Porque sempre que existe uma proteína, nesse caso a A, ela determinará o tipo de sangue, visto que o zero não tem qualquer proteína.

Mãe tipo A, pela expressão AA:

Contudo, se a mãe, tipo A, for da expressão AA, ela sempre irá transmitir o A, e então sendo o pai tipo O, sempre transmite o O, todos os filhos serão AO = Tipo A.

Filhos de pais com sangue tipo B com O

Esse caso é igual ao caso de cima. Se um dos pais for tipo B com a expressão BO, e o outro O, a criança poderá ser tipo B, quando receber o gen B, ou tipo O, se receber o gen O.

Se um dos pais for tipo B, mas com a expressão BB, a criança sempre receberá um gene B, dando origem ao tipo sanguíneo B, em todas as gestações.

Filhos de pais A com B

Os filhos de pais que um é tipo A e o outro tipo B, também permite várias combinações, dependendo da expressão de cada um. Se um for tipo A (AO), pode transmitir o A ou o O. Se o outro for B também com a expressão (BO), tem as duas possibilidades, por isso a criança pode ter os tipos: A, B, AB ou O.

Por exemplo, se a mãe for AO e transmitir o O e o pai BO e também passar o O, a criança será tipo O (O+O). O que pode causar um espanto, como pais tipo A e B tem um bebê tipo O? Sim, como vimos, dependendo da expressão de cada um, pode acontecer.

No entanto, se a mãe passar o gene A e o pai o gene B (A+B), a criança será tipo AB. Se a mãe passar o tipo A e o pai o tipo O (A+O), a criança será o tipo A. E por fim, se a mãe passar o O e o pai o B, será tipo B.

Se ambos foram geneticamente dominantes, os tipos (AA) e (BB), as crianças serão sempre tipo AB, devido ao A da mãe e o B do pai.

Filhos de pais com sangue tipo AB com AB

Os filhos de casais AB podem ter os tipos sanguíneos, A, B ou AB, dependendo de qual gene for transmitido pelos pais.

Quando ambos passarem o tipo A, a criança será A; se ambos passarem o B, a criança será tipo B, mas se um passar o A e o outro o B, a criança será AB.

Porém, um casal AB nunca pode ter um filho O, porque ele não consegue fazer essa combinação de zero + zero.

Filhos de pais com sangue tipo O com O

Pais com tipo sanguíneo O, quer dizer que não receberam nenhuma proteína, são zero+zero ou OO. Por isso, só conseguem transmitir o gene O.

Sendo assim, todos os filhos de um casal O, serão sempre tipo O, seja qual for a gestação.

Irmãos devem ter o mesmo fator RH?

Também não. Os filhos podem ter RH diferentes dos irmãos e até dos pais, em alguns casos.

Além do tipo sanguíneo existe o fator RH, outra proteína que quando está presente, dá origem ao sangue RH positivo, quando está ausente RH negativo.

A transmissão é a mesma, trata-se de um gene duplo, por isso mesmo que os pais sejam RH positivo, não é obrigatório que os filhos sejam positivos, porque se forem RH+RH- existe a chance de 25%, da criança receber o RH- dos dois e assim, ser RH negativo.

A determinação do sangue da criança é complexa e depende do tipo de sangue dos pais, em cada gestação ocorrida.

Entenda mais sobre a presença ou não do fator Rh no artigo: Quais podem ser os tipos sanguíneos dos meus filhos?

Referência:

ABHH - Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.

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