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O que é vaginismo e quais os sintomas?

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Vaginismo é uma contração involuntária da musculatura vaginal antes ou durante a penetração. Essa contração exagerada provoca dor, além de dificultar ou impedir uma relação ou uso de absorvente interno.

O vaginismo também impede ou dificulta a realização de exames ginecológicos (introdução de espéculo vaginal), o uso de cremes vaginais ou qualquer outro procedimento que implique a introdução de algo na vagina, mesmo que a mulher tenha a intenção de o fazer.

O vaginismo é considerado uma disfunção sexual. A contração involuntária e vigorosa da musculatura do assoalho pélvico é uma reação de defesa inconsciente, associada a situações ameaçadoras ou dolorosas.

Vaginismo: causas, sintomas e tratamento

Existem 2 tipos de vaginismo:

Primário: A mulher nunca conseguiu ter uma relação sexual completa pois a contração da musculatura ocorreu logo na primeira tentativa de penetração. Trata-se da maioria dos casos de vaginismo.

Secundário: Neste caso, a mulher mantinha relações normalmente, mas desenvolveu vaginismo após algum tempo de insatisfação com a vida sexual, passado de abuso ou traumas.

Quais são os sintomas do vaginismo?

Os principais sintomas do vaginismo são: dor, desconforto ou ardência durante a relação sexual. Muitas vezes a contração fecha a vagina, impossibilitando a penetração ou, quando ela ocorre, provoca dor.

Geralmente, os músculos da parte interna da coxa também se contraem de forma involuntária, aparentemente pela ansiedade e medo dos sintomas, que a mulher já reconhece.

Essa situação leva a um ciclo vicioso de ansiedade e medo ⇒ contração ⇒ dificuldade ou impossibilidade de penetração ⇒ aumento das contrações involuntárias ⇒ dor na penetração ⇒ mais contração ⇒ mais dor.

Isso faz com que a mulher evite cada vez mais ter relações sexuais e se afaste do parceiro aos primeiros sinais de carícias.

Mulheres com vaginismo também têm grande dificuldade em fazer exames ginecológicos e colocar absorventes internos pelo já exposto. Qualquer tentativa de penetração na vagina, mesmo que não esteja relacionada com sexo, dispara a contração da musculatura do assoalho pélvico.

Contudo, o vaginismo pode se manifestar de diferentes formas em cada mulher. Há mulheres que não conseguem ter relações sexuais, mas conseguem realizar exames ginecológicos. Em outros casos, são capazes de ter relações apenas com penetração parcial, mas ainda sentem dor ou ardência.

Nos casos mais graves de vaginismo, a mulher pode permanecer virgem por vários anos durante o casamento, sem qualquer possibilidade de haver penetração.

Quais as causas do vaginismo?

O vaginismo pode ter origem em fatores físicos ou emocionais. Dentre as causas físicas que podem impedir ou dificultar a penetração e causar dor estão:

  • Inflamações e infecções vaginais;
  • Lesões na vagina ou na vulva;
  • Doenças sexualmente transmissíveis (DST);
  • Hímen com anormalidades;
  • Líquen escleroso;
  • Dor crônica na abertura da vagina (vulvodinia);
  • Problemas na anatomia vaginal;
  • Dores no pós-parto;
  • Doença inflamatória pélvica;
  • Disfunções hormonais;
  • Atrofia vaginal;
  • Excesso de tensão dos músculos vaginais e do assoalho pélvico;
  • Falta de excitação ou lubrificação vaginal;
  • Endometriose.

Os principais fatores psicológicos que podem estar na origem do vaginismo são:

  • Ansiedade;
  • Medo de sentir dor durante a penetração;
  • Traumas associados a exames ginecológicos;
  • Experiências sexuais traumáticas no passado, como abusos ou violência sexual;
  • Experiência insatisfatória, dolorosa ou de violação na primeira relação sexual;
  • Educação sexual repressora;
  • Tabus religiosos;
  • Falta de informação sobre o que é uma relação sexual;
  • Falta de conhecimento do próprio corpo;
  • Problemas de relacionamento com o parceiro.

Qual é o tratamento para vaginismo?

Quando a causa do vaginismo é alguma inflamação, infecção ou hipersensibilidade de algum nervo, o tratamento é feito com medicamentos.

Para as causas de origem psicológica, são indicadas outras formas de tratamento, como terapia sexual, técnicas de relaxamento, exercícios para os músculos do assoalho pélvico, treino de introdução de objetos específicos na vagina para combater a ansiedade e o medo, além de cirurgia, em casos mais raros.

O vaginismo tem cura e o tratamento deve ser multidisciplinar, com participação do médico ginecologista, fisioterapeuta e psicólogo.