Não, lúpus não é contagioso, o que significa que não se pega, nem se transmite. Pessoas com lúpus eritematoso sistêmico desenvolvem a doença porque o seu sistema imunológico produz anticorpos que atacam o seu próprio corpo. A causa do lúpus é desconhecida, embora já se saiba que a genética, bem como fatores hormonais e ambientais podem favorecer o aparecimento da doença.
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune. Por isso, o lúpus não é contagioso, já que não é causado por vírus, bactérias ou qualquer micro-organismo que possa ser transmitido de pessoa para pessoa.
O lúpus é muito mais comum em mulheres do que em homens. Pode ocorrer em qualquer idade. No entanto, aparece com mais frequência em pessoas entre 15 e 44 anos de idade.
Quais as causas do lúpus?
A causa do lúpus eritematoso sistêmico não é totalmente conhecida. A origem da doença pode estar associada a fatores genéticos, ambientais e hormonais, bem como ao uso de certos medicamentos.
A produção anormal de anticorpos ocorre devido a uma predisposição genética associada a outros fatores, como exposição ao sol e infecções.
Esses anticorpos atacam o tecido conjuntivo do próprio indivíduo, o que faz com que o lúpus se manifeste em qualquer parte do corpo que tenha tecido conjuntivo, como pele, nariz, orelhas, articulações, pulmões, rins, cérebro, entre outras.
Quais os sintomas do lúpus?
Os principais sintomas do lúpus eritematoso sistêmico incluem febre, mal estar, inflamações e dores articulares, manchas na pele, distúrbios respiratórios, feridas na boca e presença de nódulos ou caroços pelo corpo.
Cerca de metade das pessoas com lúpus apresenta uma erupção cutânea em forma de "borboleta", que surge principalmente nas bochechas e no nariz. A erupção ou “rash" cutâneo pode se espalhar e piora com a luz do sol.
Outros sintomas do lúpus eritematoso sistêmico incluem ainda:
- Dor no peito ao respirar profundamente;
- Fadiga;
- Inquietação ou indisposição;
- Queda de cabelo;
- Perda de peso;
- Sensibilidade à luz solar.
Os sintomas do lúpus também variam de acordo com a parte do corpo afetada:
Cérebro e sistema nervoso: dor de cabeça, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão e alterações de personalidade;
Tubo digestivo: dor abdominal, náuseas e vômitos;
Coração: problemas nas válvulas cardíacas, inflamação do músculo cardíaco (miocardite);
Pulmão: acúmulo de líquido no espaço pleural, dificuldade para respirar;
Pele: cor da pele irregular e dedos que mudam de cor quando está frio (fenômeno de Raynaud).
Rim: insuficiência renal.
Os sintomas do lúpus variam de pessoa para pessoa e podem aparecer e desaparecer. Algumas pessoas têm apenas sintomas de pele. É o chamado lúpus eritematoso discoide.
Contudo, todas as pessoas com lúpus eritematoso sistêmico sofrem de dores e inchaço nas articulações em algum momento. Algumas desenvolvem artrite. O lúpus geralmente afeta as articulações dos dedos, mãos, punhos e joelhos.
Qual é o tratamento para lúpus?
O tratamento do lúpus é feito com medicamentos corticoides e imunomoduladores. Para tratar distúrbios de coagulação, são usados medicamentos anticoagulantes.
Formas leves de lúpus podem ser tratadas com:
- Anti-inflamatórios não esteroides para alívio dos sintomas articulares e da pleurisia;
- Corticoides em baixas doses, como prednisona, para a pele e para a artrite;
- Cremes com corticoides para tratar as erupções cutâneas;
- Hidroxicloroquina, um medicamento que também é usado no tratamento da malária;
- Belimumab, um medicamento biológico que pode ser útil em alguns casos.
O tratamento dos casos graves de lúpus eritematoso sistêmico é feito com doses elevadas de corticoides e medicamentos imunossupressores. Estes últimos são utilizados se não houver melhora do quadro com os corticoides ou se os sintomas piorarem quando o medicamento deixa de ser usado.
Os medicamentos mais usados para tratar lúpus são: micofenolato, azatioprina e ciclofosfamida. Devido à sua toxicidade, o uso de ciclofosfamida é permitido apenas por períodos de 3 a 6 meses. Da mesma forma, o rituximab é usado apenas em alguns casos.
O lúpus eritematoso sistêmico não tem cura. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas. Casos graves que envolvem coração, pulmões, rins e outros órgãos geralmente precisam de tratamento especializado.
Contudo, muitas pessoas com LES apresentam sintomas leves. O prognóstico depende da gravidade da doença. A maioria das pessoas com lúpus precisam tomar medicamentos por longos períodos de tempo.
Quais as possíveis complicações do lúpus?
Algumas pessoas com lúpus têm depósitos anormais de fatores imunológicos nas células renais. Isso leva a uma condição chamada nefrite lúpica, que pode causar insuficiência renal. Nesses casos, pode haver necessidade de diálise ou transplante de rim.
Uma biópsia renal é feita para detectar a extensão do dano e ajudar a orientar o tratamento. Se a nefrite estiver ativa, é necessário tratamento com medicamentos imunossupressores, incluindo altas doses de corticoides juntamente com ciclofosfamida ou micofenolato.
Outras possíveis complicações do lúpus eritematoso sistêmico:
- Formação de coágulos sanguíneos nas artérias ou nas veias das pernas, pulmões, cérebro ou intestinos;
- Destruição de glóbulos vermelhos e anemia;
- Inflamação da membrana que envolve o coração (pericardite);
- Inflamação do coração (miocardite ou endocardite);
- Presença de líquido ao redor dos pulmões;
- Danos nos tecidos pulmonares;
- Problemas durante a gravidez, incluindo aborto;
- Derrame cerebral;
- Lesão no intestino com dor e obstrução intestinal;
- Inflamação do intestino;
- Plaquetas baixas (essas células são responsáveis pela coagulação sanguínea, portanto interrompem sangramentos);
- Inflamação dos vasos sanguíneos.
Muitas mulheres com LES podem engravidar e dar à luz um bebê saudável, principalmente se receberem tratamento adequado e não tiverem problemas cardíacos ou renais graves. No entanto, a presença de certos anticorpos na circulação sanguínea da gestante aumenta o risco de aborto espontâneo. Além disso, o lúpus e os medicamentos usados para tratar a doença podem prejudicar o feto.
O diagnóstico e o acompanhamento do lúpus eritematoso sistêmico é da responsabilidade do médico reumatologista.