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transtorno afetivo bipolar

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

O transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é caracterizado por alterações graves de humor. O transtorno se caracteriza por períodos alternados de euforia e depressão, sempre com grande intensidade.

É uma condição psiquiátrica bastante complexa porque entre estes períodos de euforia e depressão existem ainda momentos de sintomas leves e momentos em que a pessoa não apresenta nenhum sintoma.

São descritos como fase maníaca (euforia), fase depressiva, hipomania e fase assintomática (sem sintomas).

Quais os sintomas do transtorno bipolar?

As pessoas com transtorno bipolar apresentam variações de humor, alterações no padrão de sono, níveis de atividade e comportamentos incomuns. Os sintomas variam de acordo com as diferentes fases em que se encontra: maníaca, depressiva ou hipomaníaca.

Fase maníaca

Na fase maníaca o comportamento da pessoa com distúrbio bipolar pode trazer danos para ela mesma e para as pessoas próximas, especialmente familiares (perda de emprego, atividades sexuais aumentadas, gasto de dinheiro excessivo). Os sintomas desta fase incluem:

  • Euforia ou exaltação intensa;
  • Agitação, sensibilidade ou irritação (nervosismo);
  • Excesso de energia com aumento excessivo das atividades do dia a dia;
  • Fala rapidamente sobre muitas coisas diferentes;
  • Pensamentos rápidos;
  • Dificuldade para dormir;
  • Comportamentos arriscados como praticar sexo sem prevenção ou gastar muito dinheiro.

A fase maníaca dura mais de uma semana e o estado de euforia ou irritabilidade estão presentes todos os dias e na maior parte do dia.

É importante que a pessoa ou familiares procurem um psiquiatra para avaliação e tratamento o mais precoce possível.

Fase depressiva

  • Tristeza profunda, sensação de vazio e desesperança;
  • Apatia, falta de interesse;
  • Preocupações excessivas;
  • Problemas de concentração e esquecimentos;
  • Alterações de apetite e/ou perda de peso;
  • Dificuldade para dormir, insônia ou hipersonia (dormir excessivamente);
  • Cansaço;
  • Sensação de não desfrutar de nada;
  • Pensamentos recorrentes sobre morte e suicídio;

Esta fase dura pelo menos 4 semanas e precisa de avaliação psiquiátrica também de forma precoce, especialmente pela alta frequência de idéias suicidas.

Fase de hipomania.

Na fase de hipomania, a pessoa apresenta sintomas mais leves e com uma duração menor do que na fase maníaca. Esta fase dura em torno de 4 dias e o paciente se torna mais eufórico, fala mais que o habitual e se torna mais ativo e sociável.

Quais os tipos de transtorno bipolar?

1. Transtorno afetivo bipolar tipo I

A pessoa com transtorno afetivo bipolar tipo I apresenta pelo menos um episódio maníaco com duração de, no mínimo, 7 dias. Após esta fase de mania o paciente começa a apresentar-se deprimido por duas semanas ou mesmo meses.

Nas duas fases (maníaca e depressiva) os sintomas costumam ser bastante intensos e causam mudanças no comportamento e nas ações da pessoa que podem comprometer a sua vida pessoal, profissional e a sua relação com familiares.

Neste tipo de transtorno, o quadro psiquiátrico pode se tornar bastante grave e a pessoa pode estar em risco para suicídio e outras complicações do seu estado de saúde mental.

É importante buscar apoio profissional nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS para acompanhamento de um psiquiatra e equipe de saúde mental.

2. Transtorno afetivo bipolar tipo II

O transtorno afetivo bipolar do tipo II se caracteriza pela alternância entre as fases de depressão e as de hipomania.

A pessoa com este tipo de transtorno bipolar apresenta um estado de euforia mais leve, otimismo, excitação e, em alguns momentos, pode se tornar agressiva.

Pelo fato de os sintomas serem mais leves, não há riscos de comprometimento das atividades diárias e relações familiares do paciente.

3. Transtorno afetivo bipolar ciclotímico

O transtorno bipolar ciclotímico é a forma mais leve de bipolaridade e se caracteriza por modificações (flutuações) constantes e crônicas do humor.

Quem desenvolve este tipo de transtorno bipolar alterna os sintomas de hipomania com episódios depressivos leves. Muitas vezes a pessoa é vista por familiares e/ou pessoas próximas como aquela de temperamento instável, ou irresponsável.

Existe algum teste para diagnosticar o transtorno bipolar?

Não. Não existem testes capazes de diagnosticar o transtorno afetivo bipolar. Nestes casos, é necessário e importante a realização, o quanto antes, de uma avaliação psiquiátrica.

É bastante comum que o transtorno afetivo bipolar seja confundido com esquizofrenia, síndrome do pânico, transtornos de ansiedade ou mesmo com a depressão. Além disso, os sintomas podem ser mascarados pelo uso de álcool, medicamentos e outras substâncias ilícitas.

Estas condições dificultam o diagnóstico do transtorno afetivo bipolar. O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra com base na história clínica e nos sintomas informados pelo próprio paciente e pela sua família.

Como é feito o tratamento do transtorno bipolar?

É importante que você saiba que o transtorno afetivo bipolar não tem cura, entretanto é possível controlar a doença. O tratamento envolve:

  • Uso de medicamentos: os ansiolíticos, estabilizadores do humor como o carbonato de lítio, antipsicóticos e anticonvulsivantes são alguns dos medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar. Os remédios a serem indicados dependem do tipo de transtorno, da sua gravidade e evolução.
  • Psicoterapia: a terapia com um psicólogo auxilia o paciente a lidar com as crises e fazer com que elas se tornem menos frequentes. Além disso, ajuda na sua adesão e manutenção do tratamento.
  • Mudanças no estilo de vida: a pessoa com transtorno afetivo bipolar deve adotar um estilo de vida saudável que priorize a redução dos níveis de estresse, regulação do sono e hábitos alimentares saudáveis.
  • Não consumir álcool e outras substâncias psicoativas como anfetaminas e cafeína, reduzem as crises e intensidade dos sintomas, quando presentes.

Se você identifica alguns destes sintomas em si mesmo ou em um de seus familiares, procure avaliação de um psiquiatra e/ou psicológico, em Centros de Atenção Psicossocial – CAPS da rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Não utilize medicamentos sem orientação de um psiquiatra.

Referências:

  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM–5). American Psychiatric Association (APA).
  • Estric, C. et al. Dissociative symptomatology in bipolar disorders: A systematic qualitative review. French Journal of Psychiatry, March 2020, vol.1, p. 11-24.
  • Rosenthal, S.J. et al. Seasonal effects on bipolar disorder: A closer look. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, May 2020.
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