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Quais as causas da icterícia neonatal e como é o tratamento?

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

A icterícia neonatal é causada pelo excesso de bilirrubina indireta no sangue do recém-nascido. Trata-se de uma condição "normal", fisiológica, de adaptação do organismo do bebê na grande maioria das vezes.

Entretanto também existem outras causas, não fisiológicas, ou seja, consideradas anormais, que sobrecarregam o fígado do recém nato causando a icterícia, e nessas situações é necessário um tratamento específico. São consideradas causas não fisiológicas de icterícia neonatal:

  • Hipotireoidismo congênito;
  • Incompatibilidade RH entre mãe e bebê;
  • Bebês de mães diabéticas;
  • Hemorragias;
  • Hematomas ou equimoses em reabsorção;
  • Infecções;
  • Anomalias gastrointestinais, e
  • até Oferta inadequada do leite materno.

O que é icterícia neonatal?

A bilirrubina é uma substância amarela proveniente do metabolismo da hemoglobina. Por isso, quando sua fração "indireta", ainda não transformada, encontra-se em excesso no sangue, ela dá à pele e aos olhos do bebê a sua coloração, amarelada.

Quando a substância passa pelo fígado, é transformada em bilirrubina "conjugada" ou bilirrubina direta, sendo então eliminada nas fezes ou na urina. Porém, como o fígado do recém-nascido ainda é imaturo, pode haver um atraso nessa conjugação, acumulando a bilirrubina no corpo, o que resulta na icterícia neonatal.

Icterícia neonatal
Recém-nascido com icterícia neonatal

Quais são os sintomas da icterícia neonatal?

O principal sintoma é a coloração amarelada inicialmente na face e olhos do bebê, que depois são evidenciados também no tronco, abdômen, braços e pernas.

A icterícia neonatal costuma surgir entre o 2º e 3º dias de vida, o que permite seu tratamento ainda na maternidade, e tende a desaparecer progressivamente a partir do 10º dia de vida.

Em geral, a icterícia neonatal não oferece riscos ao bebê. Contudo, existem causas que devem ser investigadas e tratadas, para prevenir maiores riscos ao bebê, como as doenças gastrointestinais, a incompatibilidade sanguínea entre a mãe e a criança e alterações endócrinas, como o hipotireoidismo congênito principalmente.

Nos casos de doenças que levam a icterícia pela alta concentração de bilirrubina indireta no sangue, podem ser observados ainda outros sintomas, como irritabilidade, dificuldade na amamentação, coloração amarelada logo no 1º dia de vida, entre outros. Em situações muito raras, a quantidade de bilirrubina acumulada é tão alta que pode causar danos no sistema nervoso do bebê, a complicação mais temida da icterícia neonatal..

Qual é o tratamento para icterícia neonatal?

O tratamento da icterícia neonatal consiste na aplicação de luzes fluorescentes azuis na pele do recém-nascido, chamada fototerapia. Esse tratamento favorece o metabolismo e a excreção da bilirrubina, auxiliando o organismo ainda frágil do bebê.

A amamentação deve ser estimulada e frequente, sem restrições. São indicadas cerca de 10 mamadas por dia (24 horas). Essa recomendação durante o tratamento da icterícia neonatal serve sobretudo para aumentar o aporte calórico e o volume ingerido, o que favorece a eliminação da bilirrubina pelas fezes e pela urina.

Quando a icterícia tem origem em alguma doença ou incompatibilidade sanguínea, a fototerapia deve ser mais intensa e as sessões mais longas. Em alguns casos, o recém-nascido pode precisar receber transfusão de sangue.

Felizmente, na maioria dos casos de icterícia neonatal, o excesso de bilirrubina acaba por ser eliminado gradativamente e a icterícia resolvida em poucos dias sem qualquer sequela.

O tratamento da icterícia neonatal é da responsabilidade do/a médico/a pediatra.

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