A esquistossomose, popularmente conhecida como "barriga d'água", é uma doença infecciosa causada pelo verme Schistosoma mansoni, um parasita que pode habitar os vasos sanguíneos do fígado e do intestino humano.
Os ovos do parasita são eliminados pelas fezes de uma pessoa infectada e, em contato com água, eclodem e libertam as larvas. Essas larvas entram no caramujo e se proliferam. O caramujo secreta as cercárias que vão penetrar na pele da pessoa que entra nessas águas contendo caramujos, transmitindo a esquistossomose.
Quais são os sintomas da esquistossomose?Apesar de não apresentar sintomas no início, a esquistossomose pode progredir para para formas muito graves que podem levar à morte.
A fase inicial da esquistossomose é caracterizada pela dermatite cercariana, causada pela penetração das cercárias na pele. Essa fase da esquistossomose pode ser assintomática ou provocar sintomas como erupções com vermelhidão, inchaço e coceira.
Fase aguda da esquistossomoseEsses sintomas iniciais podem permanecer por até duas semanas após a infecção. Cerca de 1 a 2 meses depois, surgem os sintomas que caracterizam a forma aguda da esquistossomose, como febre, dor de cabeça, anorexia, náuseas, redução da força física, dores musculares, tosse e diarreia.
Fase crônica da esquistossomoseA fase crônica da esquistossomose caracteriza-se pelo comprometimento do fígado. A doença pode evoluir para as seguintes formas físicas, de acordo com a suscetibilidade do indivíduo e da intensidade da infecção:
- Esquistossomose intestinal: É a mais frequente. Pode ser assintomática ou provocar diarreias que podem ter muco e sangue;
- Esquistossomose hepatointestinal: Apresenta sintomas semelhantes aos da forma intestinal, com maior frequência de diarreia e dores no estômago;
- Esquistossomose hepatoesplênica: Pode ser compensada, descompensada ou complicada. Há um comprometimento do estado geral do indivíduo e o fígado e o baço ficam palpáveis.
O tratamento da esquistossomose consiste na administração de medicamentos específicos que são capazes de curar a doença ou reduzir a carga parasitária, impedindo também a evolução para as formas mais severas. Pode haver necessidade de internamento ou intervenções cirúrgicas nos casos mais graves.
Caso a pessoa tenha frequentado recentemente "lagoas de coceira", locais já conhecidos por terem caramujos nas águas, é importante haver uma investigação feita inicialmente pelo/a clínico geral, médico/a de família ou infectologista.
Geralmente não é necessário repetir a dose única de albendazol, pois os parasitas causadores da maioria das verminose são completamente eliminados.
A dose única de albendazol é suficiente para erradicar os seguintes parasitas:
- Ascaris lumbricoides (lombriga);
- Ancylostoma duodenale;
- Necator americanus;
- Enterobius vermicularis;
- Trichuris trichiura.
Entretanto, existem outros parasitas que podem precisar de um tratamento mais prolongado, havendo a necessidade de tomar mais de um comprimido, como:
- Larva migrans cutânea (bicho geográfico);
- Strongyloides stercoralis;
- Giardia lamblia;
- Taenia;
- Neurocisticercose.
Em qualquer caso, se precisar fazer uso de albendazol, siga as recomendações do seu médico.
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Ultrassom não serve para ver vermes. Eventualmente em situações específicas até pode ser usado para avaliar possíveis complicações das parasitoses, contudo esse não parece ser o seu caso. Procure um médico de família ou um clínico geral para uma avaliação inicial do seu caso.
Esteja também atenta a possíveis sintomas das verminoses e parasitoses intestinais, que quando presentes também contribuem para a suspeita desse tipo de problema. Os principais sintomas são:
- Dor abdominal;
- Vômitos;
- Alteração do hábito intestinal;
- Diarreia;
- Constipação;
- Emagrecimento;
- Fraqueza.
O diagnóstico das parasitoses intestinais é feito principalmente através do exame de fezes, que geralmente deve ser colhido em três amostras, o exame pode também ter que ser repetido mais de uma vez, isto porque pode ser difícil detectar o parasita. Por esse motivo, um exame negativo também não afasta totalmente a possibilidade de verminose, nessa situação o médico irá correlacionar o exame com os sintomas clínicos e avaliar a possibilidade de tratamento.
Com o exame de fezes pode-se detectar os principais parasitas como a Giardia lamblia, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Tênias, entre outros.
Exame de sangue não são necessários para o diagnóstico das parasitoses, no entanto, em algumas situações a presença de eosinofilia, ou seja, aumento do número de eosinófilos pode sugerir a presença de parasitas se outros sintomas sugestivos também estiverem presentes. O hemograma pode ainda mostrar uma possível anemia também frequente em casos de parasitoses intestinais crônicas.
Exames de imagem raramente são necessários, mas podem ajudar na pesquisa de complicações, como obstrução intestinal.
Consulte o seu médico caso apresente sintomas sugestivos de parasitose.
Ascaridíase é uma infecção intestinal causada pelo parasita Ascaris lumbricoides. Seu nome popular é lombriga e é muito comum em regiões com saneamento básico precário.
A maioria das infecções intestinais causada por esse parasita não manifesta em sintomas.
A ascaridíase pode ser expressa numa fase inicial com acometimentos pulmonares e uma fase latente com acometimentos intestinais.
Quando há sintomas, eles podem ser:
- Tosse seca;
- Falta de ar;
- Febre;
- Desconforto no peito;
- Chiado no peito;
- Escarro com sangue;
- Desconforto abdominal;
- Náusea e vômito;
- Obstrução intestinal que pode ser aguda e necessitar de intervenção cirúrgica imediata;
- Desnutrição e restrição do crescimento;
- Aumento do fígado;
- Icterícia.
O diagnóstico exato da ascaridíase é feito pelo exame de fezes ou pela detecção de vermes nas fezes.
O tratamento da ascaridíase é feito com medicamento anti-parasitário como Albendazol ou Mebendazol. Outras medicações podem ser utilizadas em alternativa a esses anti-parasitários.
A prevenção é essencial para evitar a aquisição da doença. Ela pode ser feita com medidas básicas de higiene sanitária além da lavagem das mãos com água e sabão.
O/a médico/a de família ou o clínico/a geral pode fazer o diagnóstico e indicar o tratamento adequado.
A giardíase nem sempre causa sintomas. Quando presentes, os sintomas da giardíase podem ser:
- Diarreia aquosa instalada abruptamente;
- Mal estar;
- Cólica abdominal;
- Gazes;
- Desconforto estomacal com náuseas e dor no estômago;
- Inchaço abdominal;
- Fezes gordurosas;
- Perda de peso.
A giardíase pode ser prevenida com medidas simples de higiene como:
- Lavar as mãos com água e sabão antes e depois da utilização do banheiro;
- Lavar as mãos com água e sabão antes e depois da troca de fraldas de crianças;
- Beber água filtrada ou fervida;
- Comer comida devidamente higienizada e em locais seguros higienicamente.
Além disso, o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementar até os 2 anos de idade é outra importante medida.
O tratamento da giardíase pode ser feito com uso de antibióticos e anti-parasitários como Albendazol, Mebendazol entre outros.
Filariose é uma doença parasitária crônica, causada por vermes nematoides denominados filárias. A transmissão ocorre pela picada da fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus (pernilongo) infectada com larvas do parasita. Nos seres humanos, a filária responsável pela filariose linfática (elefantíase), a forma mais comum de filariose, é o nematoide Wuchereria bancrofti.
Existem 8 espécies de filárias que podem infectar o ser humano, podendo causar 3 tipos de filariose, de acordo com a localização dos vermes:
- Filariose subcutânea: afeta a camada de gordura localizada logo abaixo da pele;
- Filariose linfática: os vermes alojam-se sobretudo nos vasos linfáticos;
- Filariose de cavidade serosa: afeta principalmente a cavidade abdominal.
Quando adulto, o Wuchereria bancrofti macho mede cerca de 4 cm de comprimento e 0,1 mm de diâmetro, enquanto que a fêmea pode chegar aos 10 cm de comprimento e 0,3 mm de largura.
Os vermes podem alojar-se no sistema linfático, no sangue, na pele ou abaixo da pele, nos pulmões ou nos olhos, causando lesões, inflamações, obstruções e alergias.
O período de incubação, ou seja, o tempo entre a picada do mosquito e o aparecimento dos vermes na circulação periférica varia entre 6 e 12 meses. Contudo, antes disso, cerca de 1 mês depois da picada, podem surgir sinais de alergia.
Quais são os sintomas da filariose? Sintomas agudos da filarioseA maioria das pessoas com filariose não apresenta nenhum sintoma da doença. Quando presentes, na fase aguda, os sintomas da filariose podem incluir inflamação dos vasos e gânglios linfáticos, febre, dor de cabeça e mal-estar.
Pode haver aumento dos gânglios linfáticos, que se manifesta pela presença de nódulos compactos e com superfície irregular, principalmente na região inguinal e nas axilas.
A dilatação dos vasos linfáticos pode ser notada através da palpação. Nos homens, os parasitas adultos localizam-se preferencialmente nos vasos do saco escrotal.
Quando o verme adulto morre, espontaneamente ou devido ao tratamento, pode provocar a formação de nódulos ou processos inflamatórios nos gânglios ou nos vasos linfáticos. Nesses casos, pode-se notar o aumento do gânglio ou a presença de um nódulo no trajeto do vaso.
Sintomas crônicos na filariosePosteriormente, após meses ou anos, pode ocorrer:
- Inchaço nos membros e/ou mamas, no caso das mulheres;
- Elefantíase da bolsa escrotal;
- Inchaço nos testículos por retenção de líquido, no caso dos homens;
- Doenças infecciosas da pele;
- Presença de gordura na urina;
- Urina com aspecto semelhante ao leite;
- Lesões verrucosas na pele;
- Lesões descamativas na pele;
- Úlceras (raramente).
Também é comum haver mau cheiro, causado pelas infecções frequentes que pioram ainda mais o inchaço e o quadro geral.
Os sintomas da filariose variam conforme o estágio de crescimento do verme, a resposta imunológica da pessoa, a quantidade de parasitas adultos, a localização dos vermes no sistema linfático e a realização de tratamento anterior com medicamentos contra filárias.
Quando o verme adulto alcança vasos linfáticos de pequeno calibre, pode causar uma interrupção parcial da circulação ou provocar danos permanentes no vaso linfático, mesmo quando o nematoide é eliminado. Como resultado, a circulação linfática na região do vaso danificado fica comprometida, causando congestão e estagnação da linfa.
ElefantíaseNas fases mais avançadas da filariose, o inchaço torna-se permanente e dificilmente se reverte. Nesses casos, as dobras da pele são profundas e difíceis de serem visualizadas. A pele pode ficar com aspecto verrucoso. A piora contínua do inchaço provoca a elefantíase.
Com o tempo, a filariose pode evoluir para formas graves e incapacitantes de elefantíase, caracterizada pelo aumento excessivo do tamanho dos membros.
Existe alguma prevenção contra a filariose?A melhor forma de prevenir a filariose é proteger-se contra a picada do mosquito que transmite a doença, através do uso de repelentes, telas de proteção contra insetos e uso de roupas compridas. Pessoas que vivem em locais afetados pela filariose devem tomar medicação de prevenção contra a doença.
Qual é o tratamento para filariose?O tratamento da filariose normalmente é feito com o medicamento Dietilcarbamazina. Outra medicação utilizada é a Ivermectina. Em alguns casos, são usadas as duas medicações combinadas. Também podem ser necessários outros medicamentos e tratamentos, de acordo com o quadro clínico resultante da infecção pelos vermes adultos.
O tratamento da filariose é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O percevejo, nesse caso, o percevejo-de-cama, é um inseto que se alimenta de sangue. Os percevejos-de-cama abrigam-se no colchão das camas e podem infestar residências. Uma das espécies mais comuns de percevejo é a Cimex lectalarius.
O percevejo adulto tem cerca de 6 mm e pode viver por mais de 6 meses, mesmo sem se alimentar. O inseto não tem asas, tem o corpo achatado, a coloração é marrom avermelhada e geralmente é encontrado em grupos.
Os percevejos-de-cama costumam estar presentes em locais próximos do seu hospedeiro, como pessoas, cães, gatos e aves. As infestações de percevejo podem ocorrer em residências, hotéis, cruzeiros, teatros, cinemas e transportes coletivos.
PercevejoOs ovos do percevejo são alongados, claros e medem cerca de 1 mm de comprimento. Cada fêmea pode produzir mais de 200 ovos durante o seu tempo de vida.
O percevejo geralmente foge da luz e fica escondido em locais bem estreitos. À noite, o inseto sai do seu esconderijo para se alimentar de sangue.
Os percevejos-de-cama normalmente entram nas casas através de roupas, colchões e mobílias provenientes de lugares infestados.
O inseto é mais encontrado em locais com baixas condições de higiene e baixo nível socioeconômico.
O que fazer em caso de picada de percevejo?As picadas do percevejo são mais comuns nas áreas mais expostas do corpo, como rosto, pescoço, braços e mãos. A picada do percevejo-de-cama não provoca dor, mas pode causar grande desconforto, dependendo da sensibilidade da pessoa.
Em caso de picada de percevejo, não coce o local. O mais indicado é apenas lavar a área das picadas com água e sabão. Porém, se a coceira for muito intensa ou na presença de outros sinais e sintomas, procure atendimento médico.
Como saber se minha cama tem percevejo?A presença de percevejos pode ser percebida pelas picadas, presença de manchas escuras ou marrons nas roupas de cama (fezes de percevejos) e pelo cheiro característico do percevejo, semelhante a coentro (“maria fedida”).
Se houver sinais da presença de percevejos, procure os locais de esconderijo do inseto, como cama, colchão, estrado, roupas de cama, estofados, frestas nas paredes e no chão, móveis, cortinas, entre outros lugares propícios para abrigar percevejos.
Depois, siga os seguintes procedimentos:
1. Faça uma limpeza completa do local, removendo objetos que não são necessários e lave toda a roupa de cama com água bem quente. Depois de lavar a roupa de cama, seque-a numa secadora ou deixe-a ao sol até que fique bem seca;
2. Aspire diariamente os locais de esconderijo dos percevejos para remover os insetos. Depois, embale o saco do aspirador num saco plástico, jogue-o imediatamente fora, ou queime, ou congele por pelo menos 12 horas;
3. Papéis de parede soltos devem ser colados ou removidos, assim como devem ser vedadas todas as frestas e fendas que podem servir de local para abrigar percevejos.
Se essas medidas não funcionarem para eliminar a infestação de percevejos, chame um serviço especializado de dedetização.
Os eosinófilos são células de defesa do organismo, também conhecidos por glóbulos brancos, ou leucócitos. O seu valor é encontrado dentro do hemograma, na contagem de série branca (leucograma).
Os leucócitos são divididos em 5 tipos de células: os neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Cada uma delas exerce uma função no sistema imunológico. Os eosinófilos têm como principal função, combater germes e parasitas, auxiliar e mediar as reações inflamatórias.
A contagem normal de eosinófilos no sangue, varia de 50 – 500 células/microlitro. No entanto, esse valor deve ser analisado em conjunto com os sintomas e exame clínico. Isoladamente, não tem um significado exato.
Eosinófilos altos - o que pode ser?O aumento dos eosinófilos chama-se eosinofilia e ocorre, principalmente, nos casos de alergia, asma e verminoses. Com menor frequência, outras situações também podem cursar com esse aumento. Sendo assim, as principais causas de eosinofilia são:
- Alergias (rinite alérgica, dermatite, urticária)
- Verminoses (ascaridíase, ancilostomíase, oxiuríase)
- Asma
- Doenças auto-imunes (lúpus, artrite reumatoide)
- Linfoma, Leucemias
- Doença de Crohn, retocolite ulcerativa
- Uso de certos medicamentos (anfotericina B, alopurinol, anticonvulsivantes)
A redução dos eosinófilos é menos comum, chamada de eosinopenia. As causas mais frequentes incluem:
- Estresse,
- Uso crônico de corticoides (oral ou venoso),
- Gravidez,
- Infecção bacteriana ou viral,
- Síndrome de Cushing,
- Febre alta.
O tratamento varia de acordo com a causa dessa alteração, e nem sempre será preciso um tratamento específico.
Por exemplo, na rinite alérgica e pessoas asmáticas, a eosinofilia leve é um achado comum devido às constantes ativações alérgicas, mas não representa um sinal de risco ou gravidade. Na febre alta, a redução dos eosinófilos é passageira, quando a doença que causa a febre for tratada, o valor se normaliza.
Em contrapartida, nos casos de linfoma ou leucemia, a alteração será importante com um valor muito elevado, podendo ultrapassar o valor de 2.000 células / microlitro. Nesse caso, é preciso procurar um atendimento médico com urgência.
Ainda, se perceber uma alteração dos leucócitos com ou sem aumento de eosinófilos, associado a febre alta (acima de 38,5o), manchas no corpo ou perda de peso sem motivo aparente, procure imediatamente uma avaliação médica.
Saiba mais sobre esse assunto, nos seguintes artigos:
- Como identificar uma alergia? Quais são os sintomas?
- Vermes em crianças: quais os sintomas e o que fazer?
- Quais são os valores de referência de um hemograma?
- Leucograma: Para que serve e quais os valores de referência?
Referências:
Peter F Weller, et al.; Eosinophil biology and causes of eosinophilia. UpToDate: Aug 13, 2020.
Thomas D Coates, et al.; Approach to the patient with neutrophilia. UpToDate: Jan 20, 2020.