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Dor de cabeça constante: o que provoca e o que posso fazer?

Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

As dores de cabeça constantes podem ser provocadas por diversos problemas. Os mais comuns são a pressão alta, enxaqueca, problemas de visão, sono não reparador, estresse e dietas.

No entanto, muitas outras situações podem provocar dores de cabeça, como por exemplo os primeiros meses da gravidez, uso crônico de medicamentos, um quadro de alergia, sinusite, rinite ou doenças vasculares.

Cabe ao médico, com a coleta de informações e exame físico, identificar as possíveis causas e solicitar exames, quando for necessário, para definir o diagnóstico e tratamento.

Causas de dor de cabeça constante

1. Pressão alta

Na pressão alta, a dor de cabeça pode ser o único sintoma. Neste caso, a dor geralmente é descrita em aperto, constante, por toda a cabeça ou localizada na nuca. Não é incomum a queixa de náuseas, vômitos e visão borrada junto com a dor.

Sabendo que a principal causa de AVC (derrame cerebral) na nossa população é o pico hipertensivo, é fundamental aferir a pressão nos casos de dores de cabeça, sobretudo quando for hipertenso ou tiver história na família de hipertensão arterial.

O que fazer?

Medir a pressão se tiver aparelho de pressão em casa, ou procurar uma farmácia / atendimento médico para essa avaliação. Pode fazer uso de um analgésico simples como o paracetamol, para aliviar o sintoma.

No caso de pressão alta (acima de 140x90 mmhg) - procure uma emergência médica para o devido tratamento. Depois, procure um cardiologista para ajustar o seu tratamento e manter o acompanhamento regularmente.

2. Enxaqueca

A enxaqueca é um tipo de dor de cabeça com sinais e sintomas bem característicos. Geralmente a dor é intensa, tipo latejante ou pulsátil, de um lado só, que piora com a luz e com o barulho, associada a náuseas e vômitos. É comum ter familiares com a mesma doença.

O que fazer?

O tratamento para a enxaqueca varia de acordo com a frequência e intensidade da dor. Os medicamentos mais usados são os antidepressivos ou anticonvulsivantes, como a amitriptilina e a oxcarbazepina. Existem ainda outras opções, como a toxina botulínica do tipo A, para casos crônicos ou que não respondem aos remédios.

O médico neurologista é o responsável pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento nesses casos.

3. Problemas de vista

Os problemas de vista, como os distúrbios de visão (miopia, astigmatismo, hipermetropia), podem provocar dores de cabeça constantes, pelo esforço exigido o dia todo.

A dor é pior no final do dia e pode vir associada à coceira ou vermelhidão nos olhos, dor no globo ocular e/ou vista embaçada.

Nas crianças, além da dor de cabeça, é comum o relato de dificuldade de aprendizagem, devido à dificuldade de visão e com isso de atenção. Porém, nem sempre as crianças percebem sozinhas o seu problema.

O que fazer?

Nestes casos, se recomenda buscar uma avaliação com o oftalmologista. De acordo com a causa do problema, ele poderá indicar o uso de óculos, fisioterapia ocular ou medicamentos tópicos (colírios).

4. Sono não reparador

O bruxismo, a insônia e a síndrome das pernas inquietas são exemplos de distúrbios do sono que causam uma contração muscular constante durante a noite, impedindo o sono reparador.

Com isso, a pessoa refere dores de cabeça e pescoço desde o despertar, que piora durante o dia. Pode queixar também de "peso na cabeça", dificuldade de memória e distúrbio de humor, devido ao cansaço físico.

O que fazer?

A higiene do sono oferece dicas e orientações para melhor qualidade do sono, como: Fazer refeições leves a noite e evitar atividades estimulantes; tentar manter uma rotina de horários, deitar apenas quando está com sono, em um ambiente calmo e escuro.

Ainda, evitar estímulos luminosos próximo ao horário de dormir, como tablets, celular ou televisão.

Se mesmo assim, não for possível ajustar o ciclo do sono, procure um médico especialista, neurologista ou otorrinolaringologista, para avaliação e tratamento medicamentoso.

5. Estresse ou ansiedade

Condições de estresse, ansiedade e preocupações constantes podem provocar dor de cabeça, especialmente, a cefaleia de tensão. A dor vem, normalmente, acompanhada de: tensão muscular (mais intensa na região do pescoço), sensação de cansaço, dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade e falta de memória.

O que fazer?

Nestes casos, é importante buscar formas de relaxar e promover descanso para o seu corpo e mente. A psicoterapia é a melhor opção de tratamento na ansiedade. O médico neurologista ou psiquiatra, podem contribuir com uma medicação para a oscilação de humor, sobretudo no início do tratamento.

6. Dieta

Períodos prolongados de jejum ou dietas muito restritivas, podem causar queda do açúcar no sangue (hipoglicemia). A menor oferta de glicose para o cérebro origina uma dor de cabeça forte e constante. Do mesmo modo, alimentos muito pesados e de difícil digestão, ou bebidas estimulantes, como café, refrigerante mate ou chocolates, em excesso, podem provocar cefaleia.

O que fazer?

O nutricionista é o profissional indicado para ajudar no planejamento da dieta a cada pessoa. Com base na sua condição de saúde e preferências alimentares, pode orientar uma dieta saudável e que não cause efeitos colaterais.

7. Gravidez

As mudanças hormonais, o aumento da progesterona e as preocupações habituais de uma gestante, podem provocar dores de cabeça constante, na região frontal da cabeça (testa) ou na cabeça toda.

Vale lembrar que, principalmente, as mulheres grávidas não devem fazer uso de medicamentos analgésicos sem prescrição médica. O uso indiscriminado de medicamento durante a gravidez pode trazer sérios riscos à mãe e ao bebê.

O que fazer?

Na suspeita de uma gravidez, seja pelo atraso menstrual ou se estiver tentando engravidar, entre em contato com o seu médico obstetra antes de tomar qualquer medicação.

O que posso fazer para aliviar as dores de cabeça?

As dores de cabeça constantes e que ocorrem diariamente podem ser aliviadas com algumas medidas simples:

  • Ingerir bastante água para manter o corpo hidratado;
  • Adotar uma alimentação saudável e leve, especialmente nos dias de calor;
  • Colocar compressa fresca na testa ou na nuca;
  • Evitar a exposição direta ao sol por longos períodos para evitar a elevação da temperatura corporal;
  • Promover o descanso do corpo em ambiente tranquilo e, de preferência, com pouca iluminação;
  • Utilizar analgésicos conforme orientação médica.

Quando devo me preocupar?

Situações que sempre devem preocupar e indicam a necessidade de procurar uma emergência são:

  • Dor de cabeça forte após os 50 anos de idade, pela primeira vez na vida;
  • Dor de cabeça associada a vômitos, rigidez de pescoço e nuca;
  • Dor de cabeça acompanhada de febre e/ou perda de peso sem motivo aparente;
  • Visão dupla ou perda da visão;
  • Confusão mental, desorientação;
  • Dificuldade de falar, fraqueza nos braços ou pernas;
  • História de câncer ou HIV.

A dor de cabeça pode ser o sinal de um derrame cerebral?

Sim. O derrame cerebral, ou AVC, pode ter como um dos primeiros sintomas, a dor de cabeça. Em seguida os sintomas são de dificuldade de fala, "boca torta" ou fraqueza nos braços ou nas pernas. Na suspeita de AVC, procure imediatamente uma emergência médica.

Saiba mais sobre o que fazer nesta situação no artigo: Suspeita de AVC: o que fazer?

Entenda melhor sobre o tratamento da enxaqueca no artigo: Qual é o tratamento da enxaqueca?

Referências:

  • Sociedade Brasileira de Cefaléia
  • UpToDate - Ivan Garza, et al.; Overview of chronic daily headache. Oct 01, 2018.