Existem muitas dúvidas quanto à pneumonia e ditos populares, que podem confundir e atrapalhar no diagnóstico e tratamento da doença.
A pneumonia é uma doença muito comum, que pode deixar sequelas se não for tratada a tempo. Por isso é importante entender os sinais e sintomas da doença, aqueles que devem ser valorizados e os principais cuidados que devem ser seguidos.
Verdades sobre a pneumonia
1. A pneumonia pega.
Verdade. Alguns tipos de pneumonia podem ser transmitidos, principalmente nos casos de pneumonia viral, quando o germe é facilmente propagado pelo ar.
No entanto, é importante entender que transmitir o vírus, não quer dizer que a pessoa irá desenvolver também uma doença. Geralmente a transmissão desencadeia um episódio de gripe ou resfriado, a não ser que a imunidade da pessoa esteja comprometida.
2. Pneumonia pode não ter febre.
Verdade. Pessoas com baixa imunidade podem não ter febre, por não acelerar o metabolismo e produzir anticorpos suficientes para elevar a temperatura do corpo.
São exemplos de baixa imunidade, mulheres grávidas, idosos, crianças pequenas, portadores de doenças autoimunes, pacientes com HIV, uso crônico de imunossupressores ou corticoides.
3. Pneumonia tem tratamento.
Verdade. A pneumonia tem tratamento, e o tratamento deve ser direcionado ao agente causador da infecção.
A pneumonia pode ser causada por diferentes agentes, bactérias, vírus, fungos e parasitas. Para cada germe existem medicamentos mais apropriados. De acordo com as características da doença, história clínica e exames laboratoriais, o médico é capaz de suspeitar do provável agente e conduzir o tratamento.
Nos casos duvidosos ou mais graves, embora seja iniciado o tratamento da mesma forma, é solicitado exames para identificar o micro-organismo.
O tratamento pode ser domiciliar, nos casos mais leves, com orientações de alimentação, hidratação, cuidados gerais e o antibiótico oral. Nos casos mais graves, o tratamento deve ser realizado internado, com o antibiótico administrado pela veia.
4. Pneumonia tem cura.
Verdade. A pneumonia deve ser tratada corretamente e acompanhada de perto, visto que é uma doença comum e a medicação cura após eliminar o germe. Entretanto, pode evoluir com maior gravidade, inclusive com risco de morte, nos casos de baixa imunidade ou quando demora a iniciar o tratamento.
Sendo assim, nos casos de febre por mais de 48h, piora dos sintomas ou falta de ar intensa, é preciso retornar ao atendimento médico, para reavaliação.
5. O antibiótico é o principal tratamento para curar uma pneumonia.
Verdade. Sendo feito o correto diagnóstico e escolha do antibiótico direcionado para o germe que está causando a infecção, sim, o antibiótico é o principal tratamento e suficiente para atingir a cura.
A boa alimentação, hidratação e repouso, contribuem para a resposta mais rápida no combate à doença, ajudam a evitar maiores complicações, mas não são capazes eliminar o micro-organismo sem o antibiótico.
6. Existe pneumonia silenciosa?
Sim, verdade. Existe uma pneumonia que podemos chamar de "silenciosa" porque não apresenta os sinais e sintomas esperados para uma infecção pulmonar.
Isso pode acontecer em situações de imunidade extremamente baixa, como nos casos de tratamento para câncer (uso de quimioterapia), idosos acamados e pacientes com AIDS em estágio avançado.
As condições de baixa imunidade, não permitem que o organismo desenvolva os sinais e sintomas de defesa típicos, como a tosse, febre ou dor no peito, retardando o diagnóstico e tratamento.
Os sintomas costumam ser inespecíficos, como um desânimo, mal-estar, falta de apetite e apatia.
7. Tabagistas tem mais pneumonia.
Verdade. Fumantes tem duas vezes mais chance de desenvolver pneumonia quando entram em contato com vírus e bactérias, do que não fumantes. Porque o pulmão e as barreiras do organismo são danificados pelas substâncias contidas no cigarro, deixando o organismo mais enfraquecido e propenso às infecções pulmonares.
Não só para pneumonia, mas os tabagistas têm maior risco também de desenvolver doenças cardiovasculares, câncer e doenças crônicas.
O tabagismo é uma doença, causada pela dependência da nicotina, portanto deve ser tratada por um médico pneumologista.
Mitos sobre a pneumonia
1. Existe "princípio de pneumonia".
Não. Mito. O termo "princípio de pneumonia" é um termo popularmente utilizado, porém não é aceito no meio médico porque o quadro de pneumonia significa uma infecção do trato respiratório.
Se existe uma infecção do tecido, o termo correto é a pneumonia. Não havendo a pneumonia, o termo designado deve o do local acometido, no caso de inflamação na traqueia, chama-se traqueíte, nos brônquios, bronquite, nos seios da face, sinusite, e sendo apenas resfriado, ou gripe, já possuem suas denominações.
2. Toda pneumonia tem os mesmos sintomas.
Não. É um Mito. Nem toda pneumonia é igual ou apresenta os mesmos sintomas. Sabemos que existem sintomas mais comuns, mas cada organismo pode responder de uma forma e com uma intensidade diferente.
A tosse é um desses exemplos, pois trata-se de um sintoma comum a quase todos os casos, que pode se apresentar como tosse seca ou tosse produtiva, com catarro amarelado ou esverdeado. Existem ainda casos de tosse com pequena quantidade de sangue, como na pneumonia tuberculosa.
A febre, costuma ser alta, mas em pessoas com baixa imunidade pode ser discreta ou nem aparecer. A dor no peito, varia com a condição física de cada pessoa. E o cansaço, pode ser descrito como "dor nas juntas", mal-estar, fadiga, ou nem ser notado.
Os sintomas podem variar também conforme as medicações em uso. Basta lembrar que muitas pessoas têm por hábito, fazer uso de "xaropes" para a tosse assim que começa uma tosse seca. Essas medicações além de não tratar, podem mascarar sinais e sintomas importantes para se detectar a doença mais rapidamente.
Motivo pelo qual os médicos pedem para não usar antitussígenos por conta própria.
3. A pneumonia começa com a gripe.
Mito. É verdade que na grande maioria das vezes a pneumonia é originada por vírus ou bactérias de um gripe mal curada, porém existem outras causas de pneumonia.
Uma delas é a pneumonia aspirativa, quando a pessoa tem uma alteração do nível de consciência, permitindo a entrada de substâncias tóxicas, geralmente vindas do estômago, para o pulmão. Isso costuma acontecer nas crises convulsivas, em pacientes com demência avançada e engasgos frequentes, casos de coma alcoólico ou doença neurodegenerativa.
Outra situação é a inalação de substância químicas como em uma situação de incêndio, chamada pneumonia química. Nesses casos não tem relação alguma com gripe ou resfriado.
Na suspeita de pneumonia, procure sempre um atendimento médico para avaliação.
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