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O que é autismo e quais os sintomas?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

O autismo é um transtorno global do desenvolvimento que começa na primeira infância, ou seja, antes dos 3 anos de idade. O transtorno do espectro autista tem como principal sintoma a dificuldade de interação social e comunicação.

Existem diferentes tipos de autismo, com vários graus de intensidade. Há autistas com formas graves do transtorno, com deficiência intelectual e agressividade, sem possibilidade de estabelecer contato interpessoal, e formas mais leves, em que a inteligência e a fala são normais.

A maioria das crianças com autismo é parecida com as outras crianças. Porém, apresentam comportamentos diferentes, com atividades incomuns e algumas vezes incompreensíveis.

Crianças com as formas menos graves de autismo falam e demonstram capacidade intelectual, mas apresentam perturbações ao nível social e comportamental.

O autismo infantil é mais frequente em meninos e os seus primeiros sinais podem surgir já nos primeiros meses de vida da criança. Contudo, o transtorno raramente é diagnosticado precocemente.

Normalmente, o problema é detectado quando os sintomas tornam-se mais evidentes, o que geralmente ocorre entre os 2 e os 3 anos de idade. Uma vez que o transtorno é global, ou seja, afeta o indivíduo como um todo, muitas vezes é confundido com outros tipos de distúrbios psíquicos.

Quais são os sintomas do autismo?

Os sintomas do autismo geralmente estão presentes antes dos 3 anos de idade, mas são mais evidentes entre os 2 e os 6 anos. Alguns sinais que podem levar à suspeita de autismo, de acordo com a idade da criança:

  • 12 meses: a criança não emite sons nem balbucia e não realiza gestos como apontar ou acenar;
  • 16 meses: a criança não pronuncia palavras simples;
  • 24 meses: a criança não forma frases com duas palavras.

A perda de capacidades de linguagem ou de socialização, em qualquer idade, também é um sinal de alerta para o autismo. Vale ressaltar que a presença de alguma dessas características não implica necessariamente que a criança tenha autismo. Porém, se estiverem presentes, é importante proceder a uma investigação com uma equipe multidisciplinar, que pode envolver neurologista, pediatra, psicólogo, entre outros especialistas.

Pessoas autistas são difíceis de estabelecer relacionamentos, têm dificuldade no domínio da linguagem, daí os problemas de comunicação, e apresentam padrões de comportamento repetitivos.

Existem vários sinais que caracterizam o indivíduo autista. Pessoas com autismo apresentam pelo menos metade dos seguintes sintomas:

  • Dificuldade de relacionamento interpessoal;
  • Pouco ou nenhum contato visual com outras pessoas;
  • Riso inadequado;
  • Busca pelo isolamento social (preferência pela solidão);
  • Fixação visual em objetos;
  • Aparente insensibilidade à dor;
  • Rotação repetitiva de objetos;
  • Hiper ou inatividade;
  • Ecolalia (repetição de palavras ou frases);
  • Recusa de demonstrações de carinho (colo, abraços);
  • Não respondem pelo nome;
  • Dificuldade de expressar necessidades;
  • Dificuldade de aprendizado;
  • Repetição desnecessária de assuntos;
  • Dificuldade de mudança na rotina;
  • Não tem consciência de situações de perigo;
  • Acessos de raiva;
  • Desorganização sensorial.

Os sinais e sintomas do autismo infantil podem incluir ainda convulsões (cerca de 20% das crianças autistas têm epilepsia), transtornos do sono e alimentares, ansiedade e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade)

Contudo, vale ressaltar que muitas vezes o autista domina a linguagem, consegue se comunicar e tem uma inteligência normal ou até acima da média. Essas pessoas apresentam menos dificuldade em interagir socialmente e podem ter uma vida praticamente normal.

Como é feito o diagnóstico do autismo?

Para o diagnóstico do autismo, são considerados distúrbios em três áreas, com início dos sintomas antes dos três anos de idade:

1. Comprometimento da interação social; 2. Comportamento e interesses restritos e repetitivos; 3. Comprometimento da comunicação verbal e não-verbal.

Quais as causas do autismo?

O autismo não possui uma causa definida, mas sabe-se que o transtorno é provocado por anomalias no funcionamento e na estrutura do cérebro. Fatores hereditários também podem estar associados ao aparecimento do autismo.

Crianças com determinadas síndromes genéticas, rubéola congênita, esclerose tuberosa, entre outras doenças, podem ter mais chances de desenvolver autismo.

O autismo também pode estar associado a fatores relacionados com a gestação ou com o parto, além de infecções virais, alterações metabólicas e exposição a metais pesados.

Autismo tem cura? Como é o tratamento?

O autismo não tem cura. Porém, com o tratamento adequado e as devidas medidas educacionais e comportamentais, é possível diminuir os comportamentos mais estranhos e oferecer uma maior autonomia ao paciente.

Muitas vezes são usados medicamentos antidepressivos, antipsicóticos ou medicação específica para tratar a hiperatividade.

O autismo é uma doença crônica e o tratamento deve ser instituído assim que seja feito o diagnóstico. O tratamento deve ser multidisciplinar e individual, baseado no grau de comprometimento de cada paciente.

O diagnóstico e tratamento podem ser conduzidos por médico psiquiatra, em associação com outros especialistas, como fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo.

Diferenças entre Esquizofrenia e Transtorno Bipolar
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

As principais diferenças entre esquizofrenia e transtorno bipolar são:

Características Esquizofrenia Transtorno Bipolar
Início do quadro Mais lento (insidioso) Mais rápido (súbito)
Delírio "Mania de perseguição", não influenciada pelo humor "Mania de grandeza", muito influenciado pelo humor
Alucinação Comum Menos comum
Sintoma negativo Comum Não apresenta
Déficit cognitivo Comum Menos comum
Disfunção social Comum Menos comum
Tratamento medicamentoso Antipsicóticos de 1ª e 2ª geração Estabilizadores de humor e antipsicóticos de 2ª geração

A maior diferença entre esquizofrenia e transtorno bipolar é que os pacientes com transtorno bipolar apresentam uma melhor evolução, com eliminação total dos sintomas e retorno às suas atividades diárias entre uma crise e outra, enquanto que a esquizofrenia mantém os seus sintomas residuais, mesmo entre as crises.

Os esquizofrênicos são caracterizados sobretudo por sintomas negativos, como perda de interesse, desmotivação, apatia e dificuldades de se socializar e relacionar.

Porém, com a chegada dos primeiros antipsicóticos nos anos 50, as diferenças entre esquizofrenia e transtorno bipolar diminuíram bastante, ao ponto dos casos de ambas as doenças serem confundidas uma com a outra.

A resposta aos medicamentos passou então a influenciar o diagnóstico psiquiátrico, com tendência para diagnosticar como bipolar o paciente que melhor responder e se recuperar com o tratamento.

A crise aguda de um paciente com transtorno bipolar pode ser parecida com o surto psicótico de uma pessoa com esquizofrenia, principalmente se houver também delírios e alucinações, o que torna difícil diferenciar uma doença da outra nessa fase, ficando porém mais fácil após a crise.

Em geral, o paciente bipolar tem uma melhor recuperação e volta às suas atividades mais rápido que o esquizofrênico, sem apresentar também os sintomas negativos característicos da esquizofrenia.

Os sintomas cognitivos são também menos afetados nos casos de transtorno bipolar do que nos de esquizofrenia.

Apesar dos sintomas de humor (depressão, euforia, exaltação, raiva, irritabilidade) serem frequentes na esquizofrenia, eles são a principal alteração causada pelo transtorno bipolar.

São essas variações de humor que levam às crises de depressão ou mania e que explicam os principais problemas de comportamento, delírios e alucinações dos pacientes bipolares.

Já o esquizofrênico, apesar do humor influenciar o seu comportamento, ele não é o causador dos seus principais sintomas.

Isso é facilmente verificado no final da crise, quando os pacientes bipolares melhoram com a estabilização do humor enquanto que os esquizofrênicos continuam com delírios, alucinações e sintomas negativos, mesmo tendo um humor aparentemente melhor.

O médico psiquiatra é o responsável por diferenciar e diagnosticar a esquizofrenia e o transtorno bipolar, bem como conduzir o tratamento.

Leia também:

Diferenças entre Esquizofrenia e Depressão

O que é uma psicose e quais são os seus sinais e sintomas?

Quais as causas do transtorno opositor desafiador (TOD)?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

O transtorno opositor desafiador não possui uma causa específica. Acredita-se que a origem do distúrbio esteja associada a uma combinação de fatores psicológicos, ambientais e predisposição genética.

Dentre os fatores que favorecem o desenvolvimento do transtorno opositivo desafiador estão:

1) Características da criança

Temperamento negativo, instabilidade emocional, alterações de humor e transtornos no desenvolvimento neurológico.

2) Características dos pais

Agressividade, abuso de álcool e outras substâncias, transtornos mentais, paternidade e maternidade precoces, atitudes autoritárias ou muito permissivas.

3) Relacionamentos familiares

Relacionamentos conturbados, negligência, ausência, falta de disciplina, incoerência na hora de disciplinar e disciplina impulsiva.

4) Ambiente social

Ambiente desregrado e sem limites, proximidade com a criminalidade e violência, miséria, entre outras vulnerabilidades socioeconômicas.

Outros transtornos associados

É comum que crianças e adolescentes com transtorno de oposição desafiante apresentem outros transtornos associados, como TDAH, ansiedade, transtornos de humor, depressão e dificuldade na linguagem e aprendizagem.

Os primeiros sintomas do transtorno opositor desafiador começam a se manifestar na idade pré-escolar, sendo rara a ocorrência das primeiras manifestações na adolescência.

O tratamento do transtorno opositor desafiador incluir psicoterapia individual, terapia familiar e orientação aos pais e professores.

Saiba mais em:

Como identificar o transtorno opositor desafiador (TOD)?

Transtorno opositor desafiador tem cura? Como é o tratamento?

Gostaria de saber se tem vermes que andam no nosso corpo?
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

Existe um verme que percorre o corpo e deixa o seu rastro na pele, que é o "bicho geográfico", nome popular do Ancylostoma brasiliense ou  Ancylostoma caninum, causadores de uma doença chamada larva migrans cutânea.

A larva migrans cutânea recebe este nome porque as suas larvas penetram na pele e migram por baixo da mesma, deixando rastros pelo corpo.

Esse verme é comum em cães e gatos, podendo se instalar no homem e não chegar a completar o seu ciclo por este não ser um hospedeiro normal.

O bicho geográfico é transmitido pelo contato com o chão ou areia contaminados por fezes de cães ou gatos.

A larva migrans cutânea afeta sobretudo as áreas do corpo que entram em contato com o solo, como coxas, pernas, pés, mãos, antebraços e nádegas, causando erupções avermelhadas que coçam muito e podem também causar dor.

Além disso, o bicho geográfico pode causar distúrbios pulmonares, como tosse, falta de ar, e alergia, devido à liberação de substâncias tóxicas.

O tratamento da larva migrans cutânea é feito com medicamentos vermífugos aplicados no local sob a forma de pomadas ou administrados via oral.

Para saber realmente se existem vermes que andam pelo seu corpo, você deve consultar um/uma médico/a clínico/a geral para avaliação completa, realização de exames e orientação após os resultados. 

Saiba mais em: Quais são as doenças causadas por vermes?

O que é TDAH e como é diagnosticado?
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Dra. Rafaella Eliria Abbott Ericksson
Clínica médica e Neurologia

TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que caracteriza-se por 3 sintomas: hiperatividade, impulsividade e falta de atenção. Os primeiros sinais de TDAH normalmente aparecem na fase escolar.

O TDAH pode ser definido como uma perturbação do desenvolvimento neurológico das crianças, que provoca alterações no funcionamento do sistema nervoso.

Por se tratar de uma perturbação no desenvolvimento, o TDAH manifesta-se antes dos 12 anos de idade, podendo ser já percebido na idade escolar.

Pessoas com TDAH têm dificuldade em manter a concentração, normalmente são agitadas e têm dificuldade em executar as tarefas até o fim.

Esses sintomas devem estar presentes em dois ou mais ambientes (escolar, familiar, profissional) por um período prolongado, para que caracterize um quadro de TDAH.

Como identificar alguém com TDAH? Quais são os sintomas?Sintomas de TDAH em crianças

Na infância, o TDAH geralmente está associado a dificuldades na escola e nos relacionamentos com as outras crianças, pais e professores.

As crianças parecem estar "no mundo da lua", dificuldade de manter a atenção em uma mesma tarefa e não param quietas por muito tempo. Tanto as crianças como os adolescentes com TDAH podem ter problemas de comportamento, como dificuldades com regras e limites.

Crianças com TDAH podem ter apenas déficit de atenção e não apresentar hiperatividade, o que chamamos de transtorno de déficit de atenção (TDA). Em outros casos podem apresentar também outros sintomas, como estereotipias, movimentos repetidos, como bater palmas, emitir sons ou gritos sem motivo aparente ou dar pulos em um mesmo lugar.

Déficit de atenção

O déficit de atenção caracteriza-se pela dificuldade em manter a atenção a estímulos que são interessantes para a criança. Nesses casos, a criança tende a ignorar completamente aquilo que não é do seu interesse.

São relutantes em iniciar atividades nas quais precisam estar atentas, interrompendo frequentemente a atividade e demorando para concluir as tarefas. Além disso, a criança manifesta muita desorganização.

Vale ressaltar que a falta de concentração é mais evidente em atividades menos motivantes ou monótonas. Em atividades como ver televisão ou jogar videogame, esse sinal geralmente é menos evidente.

Hiperatividade

A hiperatividade reflete-se nas atividades motoras, que são excessivas para a idade da criança. Observa-se uma dificuldade na criança em ficar quieta, sentada ou calada. A criança parece estar sempre se movimentando ou fazendo alguma coisa.

Contudo, nem todas as crianças com TDAH apresentam hiperatividade. Quando presente, esse sintoma tende a diminuir durante a adolescência.

Impulsividade

Crianças com TDAH têm dificuldade em controlar os impulsos e são impacientes para esperar a sua vez de fazer alguma coisa.

Sintomas de TDAH em adultos

Nos adultos com TDAH, ocorrem problemas de falta de atenção para situações do cotidiano e trabalho, além de serem muito esquecidos. Também são inquietos e impulsivos. Possuem dificuldade em avaliar o seu próprio comportamento e o quanto isso afeta os que estão à sua volta.

Frequentemente são considerados “egoístas” e também trazem outros problemas associados, como uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Como é feito o diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do TDAH é feito com base nos sintomas, uma vez que não existe um exame específico para diagnosticar o transtorno. Logo, não são evidenciadas alterações aos exames de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro exame de imagem, embora sejam necessários para descartar outras doenças que poderiam causar sintomas semelhantes.

A investigação para o diagnóstico costuma ser bem detalhada. O TDAH é definido por uma lista de sintomas, sendo 9 referentes à falta de atenção, 9 à hiperatividade e impulsividade.

A investigação e a confirmação do diagnóstico devem ser feitas por médicos neurologista e psiquiatra e também por um neuropsicólogo.

Em geral, são feitos testes e avaliações de neuropsicologia para confirmar o diagnóstico e investigar se existem outras doenças mentais associados ao transtorno.

O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade deve ser feita por um médico psiquiatra ou neurologista infantil especializado em TDAH.

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O que é uma psicose e quais são os seus sinais e sintomas?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

Psicose é um termo usado para identificar transtornos psiquiátricos em que a pessoa perde o contato com a realidade. O funcionamento mental de uma pessoa psicótica fica comprometido em vários níveis, provocando sinais e sintomas que incluem alucinações, delírios, confusão mental, perda de memória, comportamentos fora do comum, entre outros.

O termo "psicótico" também pode ser usado para designar distúrbios nos relacionamentos pessoais e sociais ou comportamentos isolados num determinado momento.

Perder o contato com a realidade significa que a pessoa não avalia corretamente as suas percepções e pensamentos, o que a leva a tirar conclusões incorretas em relação ao mundo real, mesmo que as evidências provem o contrário.

Existem diversos tipos de transtornos psicóticos, como esquizofrenia, transtorno delirante, transtorno psicótico induzido por substâncias, transtorno psicótico breve, entre outros.

Mesmo pessoas com transtornos mentais não-psicóticos podem apresentar sintomas psicóticos, como em casos de depressão grave, por exemplo.

São observadas alterações nos pensamentos e na afetividade, com um comprometimento de todo o comportamento, o que atrapalha a vida do indivíduo, podendo torná-lo incapaz de desenvolver-se plenamente e viver bem em sociedade.

Nas psicoses, pode haver uma negação total da realidade, que é substituída por conceitos únicos e particulares que caracterizam a doença.

Quais são os tipos de psicose?

Os transtornos psicóticos mais comuns, de acordo com a faixa etária, são:

  • Transtornos esquizofrênicos e psicoses reativas: sintomas começam geralmente na adolescência (idade entre 11 e 18 anos) ou em jovens adultos (entre 18 e 30 anos);
  • Depressão com sintomas psicóticos: mais comum em adultos, mas pode acometer outras faixas etárias;
  • Psicoses orgânicas: pode acometer qualquer faixa etária, mas se destaca entre os idosos.
Quais são os sintomas de uma psicose?

O sinal mais evidente de uma psicose é a manifestação de delírios ou alucinações sem estar ciente da origem patológica desses sintomas. Para entender a diferença entre delírio e alucinação, pode-se utilizar o seguinte exemplo:

Uma pessoa entra num local, vê um policial e, sem motivo algum, quer sair correndo porque acha que a polícia está ali para lhe prender. Neste caso, a polícia é real mas não está ali para prender a pessoa em questão. Foi ela que imaginou essa situação e acreditou ser verdade. Trata-se de um delírio. Alucinação seria ver o policial ou ouvir uma sirene da polícia sem que esses existissem, já que é isso que define a alucinação: ver ou ouvir algo que não existe.

Porém, é importante diferenciar uma síndrome de um transtorno psicótico. Uma síndrome psicótica apresenta os sintomas básicos de uma psicose mas não é a doença propriamente dita. Existem vários transtornos ou doenças mentais que englobam os sinais de um transtorno psicótico, sem que a pessoa seja necessariamente psicótica.

Quais são os sinais e sintomas que caracterizam uma síndrome psicótica?
  • Aparecimento súbito de alucinações, principalmente quando acompanhadas de ideias delirantes e incoerência na organização de ideias, além de desorientação no espaço e no tempo;
  • Desconfiança excessiva, isolamento, falta de interesse por atividades sociais, hostilidade e agressividade;
  • Tristeza acentuada, insônia, autoacusação, ideias ou tentativas de suicídio, descuido com a higiene pessoal;
  • Euforia, insônia, planos ou ideias grandiosas, excitação ou agitação psicomotora, eloquência exagerada;
  • Estar alheio(a) ao mundo exterior, com predomínio significativo do mundo interior, comportamentos bizarros ou estranhos, dificuldade em expressar emoções e sentimentos.
Esquizofrenia

A esquizofrenia, por exemplo, é uma forma típica de psicose. Trata-se de uma doença da personalidade, que altera toda a vivência da pessoa. Pessoas esquizofrênicas são consideradas “estranhas” ou “loucas”, devido à sua alienação da realidade. Menosprezam a razão e vivem nas suas fantasias.

Os sintomas que caracterizam a esquizofrenia, para fins de diagnóstico, incluem:

  • Ouvir os próprios pensamentos sob a forma de vozes;
  • Ouvir vozes que falam sobre o comportamento da pessoa;
  • Alucinações somáticas;
  • Sensação de controle dos pensamentos;
  • Sensação de ser controlado e influenciado por coisas externas.

A esquizofrenia é uma psicose que afeta o comportamento, a afetividade e o pensamento, sendo os delírios uma causa ou consequência das alterações sofridas nessas áreas.

O delírio mais comum da esquizofrenia é do tipo paranoide ou de referência. No primeiro caso, a pessoa acha que os outros estão tentando prejudicá-la ou a estão perseguindo. No segundo caso (referência), a pessoa acha que tudo e todos estão se referindo a ela (televisão, rádio, vizinhos…), o que a leva a ter um pouco de aversão a esses elementos.

Os delírios na esquizofrenia começam a se manifestar aos poucos, sendo percebidos gradualmente por amigos e familiares do paciente.

Já as alucinações visuais e auditivas são as mais comuns da esquizofrenia. Alucinações desse tipo caracterizam-se por ouvir vozes dos próprios pensamentos, ouvir vozes que falam e dão respostas, além de ouvir vozes que fazem observações sobre as ações da pessoa.

Porém, a esquizofrenia pode causar ainda alucinações ao nível do tato, olfato, paladar, movimentos, entre outras alucinações somáticas.

Essa transformação dos pensamentos em sons, outros sinais e sintomas de alucinação auditiva e a sensação de ter os pensamentos controlados por fatores externos, caracterizam um quadro típico de esquizofrenia.

Um indivíduo com esquizofrenia pode passar o dia inteiro ouvindo a sua própria voz, que faz comentários e previsões daquilo que foi ou será feito por ele.

Outro sintoma típico da esquizofrenia é a sensação de que o pensamento está sendo sugado para fora por alguma coisa do exterior ou está irradiando para fora da mente.

A sensação de ter as ações sendo controladas por forças ou agentes externos é outra característica marcante da esquizofrenia.

Em geral, as alucinações auditivas surgem em primeiro lugar e são as últimas a desaparecer com o tratamento.

Qual é o tratamento para psicose?

O tratamento das psicoses pode incluir medicamentos, psicoterapia, orientações para a família e prática de exercícios físicos. O médico psiquiatra é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento das síndromes e transtornos psicóticos.

Diferenças entre Esquizofrenia e Depressão
Dra. Nicole Geovana
Dra. Nicole Geovana
Medicina de Família e Comunidade

As diferenças entre esquizofrenia e depressão são bastante significativas. Apesar de muitas vezes o paciente esquizofrênico apresentar também depressão, esta última em geral se instala após o aparecimento da esquizofrenia.

Embora a apatia e a falta de motivação se manifestem na esquizofrenia e na depressão, existem outros sinais e sintomas que podem facilmente diferenciar uma doença da outra.

Características da Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno mental que provoca crises de psicose caracterizadas por delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico, negativismo, alterações da afetividade (indiferença, falta de expressão afetiva) e perda de motivação.

O esquizofrênico também pode apresentar dificuldade de concentração, alterações na coordenação motora, desconfiança excessiva e indiferença.

As alucinações são sobretudo auditivas e caracterizam-se pela sensação de ouvir vozes que não são reais. Os delírios geralmente se manifestam pela sensação de perseguição devido a situações irreais.

O discurso do esquizofrênico é desorganizado e os comportamentos são inadequados, com falas e atitudes sem sentido ou lógica. Também apresentam mudanças de humor sem razão aparente, manifestando alegria ou tristeza.

Outro sintoma da esquizofrenia é a dificuldade de memória, organização e entendimento em relação a assuntos, ideias e pormenores.

No trabalho, os esquizofrênicos normalmente têm dificuldade de relacionamentos, podendo apresentar ainda dificuldade nos estudos ou nas relações familiares.

Os sintomas da esquizofrenia tendem a se manifestar entre a adolescência e a idade adulta, até mais ou menos os 30 anos de idade. O indivíduo começa a apresentar mudanças de comportamento e nos relacionamentos sociais e interpessoais.

A causa da esquizofrenia está relacionada com fatores genéticos, ambientais e psicológicos.

A doença geralmente evolui em episódios agudos onde surgem vários destes sintomas, sobretudo delírios e alucinações. As crises são intercaladas por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.

Características da Depressão

A depressão, um outro transtorno mental, caracteriza-se por uma tristeza profunda, duradoura e muito forte que o paciente não consegue vencer.

Os seus principais sintomas são: tristeza profunda e duradoura, falta de interesse ou prazer em atividades que se gosta de fazer, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta de vontade de desempenhar tarefas, falta de esperança, pensamentos negativos, pessimismo e autodesvalorização.

A depressão ainda pode causar dificuldade de concentração, sono irregular, perda de apetite, ansiedade, dor de cabeça e desconfortos estomacais.

Casos mais graves de depressão podem levar também a ideias de morte e tentativas de suicídio. A depressão geralmente é recorrente, ou seja, o paciente tem episódios de depressão de tempos em tempos.

Porém, pacientes com depressão não apresentam alucinações e delírios, como frequentemente ocorre com os esquizofrênicos, a menos que tenham um outro transtorno mental.

Uma pessoa com esquizofrenia pode desenvolver uma depressão, mas esses dois transtornos diferem e devem ser tratados e diagnosticados separadamente pelo médico de família ou psiquiatra.

Transtorno dissociativo de identidade significa ter dupla personalidade?
Dra. Janyele Sales
Dra. Janyele Sales
Medicina de Família e Comunidade

Sim, o transtorno dissociativo de identidade, também conhecido como transtorno de personalidade múltipla ou de dupla personalidade, caracteriza-se pela presença de duas ou mais identidades diferentes que controlam algum comportamento da pessoa.

Essas personalidades são independentes uma da outra e em muitos casos não têm conhecimento da existência das demais.

Algumas pessoas podem ter até 10 personalidades ou mais, sendo o transtorno mais comum em mulheres. Há ainda casos em que uma determinada identidade não reconhece os familiares do indivíduo, enquanto outra pode reconhecer e demonstrar afeto pelos mesmos.

Essas pessoas também apresentam perdas de memória recente e mais antigas.

Veja também: Quais os sintomas do transtorno dissociativo de identidade?

Causas

Indivíduos com transtorno dissociativo de identidade não conseguem se lembrar das suas próprias informações pessoais. O transtorno muitas vezes está associado a traumas graves e constantes sofridos durante a infância.

O tempo de duração, a proximidade e a gravidade dos traumas sofridos durante esse período são fatores diretamente associados ao desenvolvimento do transtorno dissociativo.

Contudo, nem todas as pessoas que passam por situações traumáticas desenvolvem transtorno dissociativo de personalidade.

Existem diversos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento ou não dos sintomas, como a forma diferente que cada um tem de absorver e lidar com esses traumas.

Sabe-se também que indivíduos usuários de drogas e substâncias químicas ou que sofreram abusos sexuais têm mais predisposição para apresentar o transtorno dissociativo de identidade.

Os sintomas do transtorno dissociativo de identidade podem incluir ainda stress pós-traumático, automutilação e o seu diagnóstico é difícil.

O médico psiquiatra é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento do transtorno dissociativo de identidade.

Saiba mais em:

Qual é o tratamento para transtorno dissociativo de identidade?

Quais as causas do transtorno dissociativo de identidade?